São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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Espanha dominou Portugal, criando União Ibérica

CLAUDIO SCHAPOCHNIK
da Redação

Entre 1580 e 1640, a linha fronteiriça que separa a Espanha de Portugal deixou de existir. Nesses 60 anos, sob domínio espanhol, os dois países formaram um só reino, chamado de União Ibérica.
Essa fusão, ocorrida a despeito das conquistas marítimas portuguesas, foi causada pelo fim da linha sucessória da dinastia de Avis, reinante desde 1383.
Dom Sebastião 1º havia cedido aos interesses dos jesuítas, patrocinando uma cruzada contra os muçulmanos no norte da África no último quartel do século 16.
Assim, em 1578, esse rei, dito "o Venturoso", partiu para o norte da África à frente de uma esquadra de 800 navios e acabou morrendo, aos 24 anos, em Marrocos, durante confronto entre os portugueses e a cavalaria islâmica.
Dom Sebastião, que não era casado nem tinha filhos, foi sucedido pelo seu tio, o cardeal dom Henrique, de 66 anos.

A luta pelo trono
Dom Henrique reinou apenas dois anos e morreu, em 1580. Como Roma não o liberou do celibato, a dinastia de Avis chegou ao fim -e vários nobres passaram a reivindicar o trono português.
Entre eles, o rei da Espanha Felipe 2º, neto por linha materna de dom Manuel 1º, rei de Portugal de 1495 a 1521.
Logo após a morte de dom Henrique, Felipe 2º ordenou a invasão de Portugal, venceu a resistência de outro partidário ao trono português -dom Antônio, o prior do Crato- e tomou a coroa.
Durante a União Ibérica, três nobres reinaram: Felipe 2º (1580-1598), Felipe 3º (1598-1621) e Felipe 4º (1621-1640).

Efeitos na Europa e no Brasil
Durante o reinado de Felipe 2º, a autonomia, as leis, o idioma e a estrutura administrativa portuguesas foram preservados. E à alta nobreza, foi concedido o "asiento" -o direito de transportar escravos da África para a América).
No período de Felipe 3º e Felipe 4º, o ressentimento português cresceu por causa dos prejuízos comercias decorrentes das guerras da Espanha e dos impostos cobrados para custeá-las. Nessa época ocorreram duas revoltas em Portugal (1634 e 1637).
Em 1640, a Espanha, em guerra com a França e a Suécia, estava debilitada financeiramente. O país também enfrentava uma revolta na região da Catalunha.
Fraco para manter a União Ibérica, o trono espanhol acabou enfrentando a oposição lusitana, comandada pelo duque de Bragança.
Assim, com a expulsão dos espanhóis, foi restaurada a independência de Portugal, e o duque de Bragança foi coroado rei, com o nome de dom João 4º.
Durante esse período, Portugal viu o Nordeste brasileiro ser invadido pela Holanda, por meio da Companhia das Índias Ocidentais, entre 1630 e 1654. Por outro lado, foi beneficiado com a expansão de fronteiras, já que os bandeirantes avançaram para além dos limites do Tratado de Tordesilhas.


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