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MAPA DA LUSOFILIA
De norte a sul, nos 313 km entre as duas cidades, avistam-se vilas, ruínas e castelos
Graça polvilha rota Porto-Lisboa
Fotos Heloisa Lupinacci/Folha Imagem
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Acima loja que vende no varejo e no atacado no Porto; ao lado, varal ornado com as cores azul e branco do Futebol Clube do Porto |
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
Lisboa e Porto são as duas primeiras cidades que aparecem na
cabeça quando o assunto é Portugal. Mas, adaptando a célebre frase do bardo inglês, há mais coisas
entre Porto e Lisboa do que supõe
nossa vã ascendência portuguesa.
E essas coisas vão além do bacalhau, do vinho e das mulheres de
bigode vestidas de preto.
O estereótipo de um Portugal
velho, voltado para o mar, com
varais nas janelas das casas, é uma
pequena parcela do que se encontra em uma visita à terra dos nossos descobridores.
O bacalhau merece ser consumido em quantidades colossais,
mas, além dele, há linguiças, carne de porco, doces de ovos e os
mais maravilhosos tipos de queijo, curados e amanteigados, suaves ou de gosto forte, de vaca ou
de ovelha, ou dos dois juntos.
Partir de São Paulo para o Porto
e rumar, de carro, até Lisboa, parando em qualquer cidade que
aparecer no caminho, é conhecer,
a cada quinze minutos, uma pequena e engraçada cidade.
Note a peculiaridade do uso do
adjetivo engraçado: em Portugal,
engraçado não é apenas aquilo
que faz rir, mas aquilo a que, aqui,
chamamos de gracioso. Assim, se
alguém disser "Que vestido engraçado", fique tranquilo, você
não está provocando risos.
No Porto, antes de seguir em direção ao sul do país, vale ir para o
oeste e conhecer a região demarcada do Douro,
onde são cultivadas as uvas que
serão usadas na produção do vinho do Porto, mundialmente reconhecido como um símbolo de
Portugal e de boa vida.
Entre Porto e Lisboa, um ponto
obrigatório se impõe: Coimbra. A vida universitária na cidade milenar cria um
ambiente quase mágico, no qual
roupas ultramodernas e revistas
independentes são vendidas em
casas antiquíssimas, em ladeiras e
em escadarias, rodeadas de lojas
de suvenires típicos.
Ruínas, castelos e vilas pipocam
numa extensão de 313 quilômetros a ser percorrida entre as duas
cidades, que, por sinal, sofrem de
uma rixa parecida com a das nossas São Paulo e Rio de Janeiro.
Lisboa é ensolarada e agitada, além de ser a capital. Porto é o pólo econômico
do país, mais rico e mais frio. Os moradores do
Porto chamam os lisboetas de alfacinhas, fazendo troça dos hábitos mais naturebas do sul do país.
Já os lisboetas chamam os portuenses de tripeiros.
A explicação vem em duas versões, uma delas cheia de história.
Conta-se que a cidade ofereceu
toda a carne que tinha, em 1415,
para apoiar uma armada mandada para conquistar Ceuta, e sobraram apenas as tripas, que eles comiam. Então eles ficaram sendo
os tripeiros. Mas há quem reduza
a explicação: no Porto se come
miúdos, o que não é tão comum
no sul. Pronto.
E esse "pronto", no final da frase
anterior, é tipicamente português.
A palavra aparece em qualquer
explicação dada por um português. Por exemplo: a alheira, linguiça típica da região de Trás-os-Montes, é feita com pão, alho e
carne de caça. Pronto.
Óbidos e Ourém são outras cidades de visitação obrigatória. Há
que se entrar nelas para viver a experiência de estar em cidades
amuralhadas, dentro do que era
um castelo. Para quem viu seu
passado de ocas ser apagado pela
colonização portuguesa em 1500,
é emocionante entrar numa cidade que conserva suas características como há quase mil anos.
Em Tomar, um convento mistura o descobrimento do Brasil, as
cruzadas, a maçonaria e o sistema
bancário.
Em cada canto há uma história,
um prato delicioso e uma taça de
vinho, quase sempre feito com algum tipo de uva cujo nome nos é
desconhecido.
Há diversas castas de uvas que
nascem exclusivamente em Portugal. Elas dão origem a vinhos
brancos leves ou tintos fortes. Em
algumas regiões, como na Estremadura, fabricantes experimentam a mistura
de castas portuguesas e uvas francesas em vinhos.
E o melhor de tudo: embora haja expressões diferentes, não é difícil entender
os portugueses. Eles também nos
entendem com facilidade. E os
preços em geral são alguns dos
mais baixos da Europa ocidental.
Heloisa Lupinacci viajou a convite do
Icep (Escritório Comercial e de Turismo
da Embaixada de Portugal), da TAP e da
rede Pousadas de Portugal
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