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BIENAL
Febre de lançamentos de livros técnicos acompanha a dos cursos na área, cujo número cresceu de 27 para 230 em dez anos
Mercado editorial de turismo vive boom
DA REPORTAGEM LOCAL
Acompanhando o crescimento
da indústria do turismo e de cursos na área, o mercado editorial de
livros técnicos de turismo vive um
boom de lançamentos. Em dois
anos, a Contexto publicou 18 títulos sobre o tema e agora pretende
lançar de oito a dez por ano. Alguns dos 14 títulos da Manole partiram para a segunda edição em
poucos meses. A Bookman, que
iniciou sua coleção no ano passado, tem quatro títulos prontos e
uns dez em produção. A Aleph está lançando a coleção ABC do Turismo (leia ao lado), que deve ter
20 títulos até o fim do ano.
Os professores de turismo estão
aliviados com a nova safra. "Há
cerca de 15 anos, eu era obrigada a
realizar trabalhos interdisciplinares para forçar uma produção acadêmica que se revertesse em benefício dos alunos", comenta Gracira Cabrera, coordenadora do curso de turismo da Universidade
Anhembi Morumbi, que existe há
31 anos.
Não é preciso voltar tanto no
tempo para constatar o quanto o
setor cresceu. Em 1990, havia 27
cursos de turismo no Brasil e
5.739 estudantes do ramo, números que hoje subiram, respectivamente, para 230 e 37.906, de acordo com o MEC (Ministério da
Educação e Cultura).
"Muitos dos cursos não vão se
sustentar e acabarão fechando. Há
escolas que nem deveriam funcionar", afirma Mário Jorge Pires,
coordenador do curso de turismo
da ECA (Escola de Comunicações
e Artes), da USP. Na opinião dele,
a regra também vale para os editores de turismo: os mais fracos perderão espaço.
Os editores concordam com Pires, como Jaime Pinsky, diretor
editorial da Contexto. "Vai acontecer o que ocorre com todo mercado, uma seleção pela qualidade.
Muita gente já quebrou a cara."
Ele diz conhecer casos de empresas que lançaram um ou dois títulos há cerca de dois anos, venderam muito, mas já quebraram.
Com tantos títulos à disposição,
cada editora tenta formar sua
identidade. A Manole, por exemplo, prefere investir em autores
nacionais, por acreditar que os livros traduzidos tratam de uma
realidade diferente da brasileira. A
editora de turismo da Manole,
Ana Maria da Silva, cita como
exemplo o fato de os livros europeus sobre transporte falarem
muito de trens e ferrovias, meios
pouco utilizados no Brasil. "Os livros traduzidos devem ser usados
mais para apoio e consulta."
Já a Bookman optou pelo caminho inverso e lança na Bienal um
clássico internacional da área:
"Turismo -Princípios, Práticas e
Filosofias", de três autores de universidades dos EUA e do Canadá.
Com 478 páginas, formato 21 cm x
28 cm e capa dura, a obra custa R$
86, um preço que o profissional e
o estudante de turismo não estão
acostumados a pagar, como admite o próprio diretor comercial
da editora, Celso Kiperman.
Ele comenta que ainda não publicou nenhum título nacional
porque o conselho editorial da
empresa considerou inferior a
qualidade dos originais nacionais
que chegaram à editora. "Seria
muito gratificante se pudéssemos
publicar autores nacionais", explica, acrescentando que acredita
que logo isso será possível.
Direcionados especialmente para estudantes e profissionais da
área, a maioria desses livros não
são palatáveis pelo leitor leigo,
mesmo que ele goste muito de viajar. Segundo Ana Maria, da Manole, o "Turismo Cultural em Tiradentes", de Américo Pellegrini
Filho, foge à regra porque, apesar
de ter capítulos teóricos, acaba
sendo utilizado como um guia de
Tiradentes por alguns turistas.
(MARISTELA DO VALLE)
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