DO ENVIADO ESPECIAL À EXTREMADURA

Cáceres é uma cidade moderna, mas com um coração nobre e velho. Além de ter um importante centro comercial regional -é a segunda cidade em população da Extremadura-, sua área histórica foi considerada Patrimônio da Humanidade em 1986.
O nome da cidade ajuda a explicar como esse patrimônio foi preservado. Provavelmente vem do árabe, de "alcazáres", ou fortalezas. Foi justamente o recinto murado, a "ciudad monumental", que parou no tempo, fossilizando-se como uma cidade medieval com traços renascentistas -um dos mais completos conjuntos arquitetônicos do tipo no mundo.
Como esse lugar da Extremadura deixou de ser zona tradicional de combate, com a fronteira se deslocando para mais além, não foram feitas fortificações modernas, como no caso de Badajoz ou da portuguesa Elvas, em que toda a muralha dos 1600 se preservou.
Cáceres pertence a um momento anterior, com seus muros e torres altos, suas casas de granito com os escudos das famílias nobres. É possível passar horas caminhando e prestando atenção nos detalhes arquitetônicos.
Uma casa em Cáceres pode ter um balcão com uma típica obra defensiva medieval, do tipo "mata-cães". O "matacán" -se você já esteve em um castelo francês ou inglês, o nome usado é "mâchicoulis"- é aquele parapeito saliente com orifícios na base, de onde os defensores podiam lançar projéteis ou líquidos ferventes (mas nunca azeite, como costuma aparecer nos cartuns; o óleo era uma mercadoria cara).
É fácil se perder nessas ruas que formam verdadeiros labirintos, como era praxe do caótico urbanismo medieval -se é que cabe a palavra, pois essas cidades não eram planejadas.
Cáceres precisa ser visitada a pé e sem pressa. No escritório de turismo, pegue um mapa, que mostra exatos 91 pontos de interesse histórico. Antes, estude bem uma maquete do centro histórico. Isso vai ajudar a distinguir edifícios importantes -a torre de Bujaco, construção árabe do século 12; a igreja de San Francisco Javier; as inúmeras mansões aristocráticas e o pequeno museu militar do palácio de las Cigueñas. (RBN)


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