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Mosteiro expõe milagres e bordados
DO ENVIADO ESPECIAL
O mosteiro de Santa Maria de
Guadalupe é um importante centro católico da Extremadura,
equivalente ao brasileiro Aparecida. Portanto, para os católicos, a
visita vale pelo aspecto religioso.
Para quem não é católico o mosteiro merece ser visitado pelo seu
interesse histórico, pois se trata de
outro patrimônio mundial.
Arquitetonicamente, o local é
uma mescla de estilos, com predominância do mudéjar, isto é,
mourisco, com ornamentos geométricos ao gosto árabe.
Há uma capela com relíquias
que mostra claramente como costumava ser a devoção do católico
da Idade Média. Ali estão, por
exemplo, pedaços de ossos de
santos do passado, incluindo uma
caveira em uma prateleira.
Os objetos espalhados pelo
mosteiro contam várias histórias.
Há uma grande lanterna feita de
latão capturada de uma galé turca
que combateu na batalha de Lepanto, em 1571. Nela, a frota cristã
liderada por don Juan de Áustria,
filho ilegítimo do imperador Carlos 5º, destroçou a esquadra turco-otomana, checando a expansão muçulmana no mar Mediterrâneo num momento crucial.
Particularmente interessantes
são os quadros relatando milagres dispostos em torno do pátio.
Os milagres vão desde intervenções em batalhas contra os mouros até casos da vida cotidiana.
O mosteiro inclui um museu de
bordados, com cerca de 200 vestimentas religiosas extremamente
trabalhadas. O museu de livros
iluminados inclui 86 obras de
grandes dimensões -73 cm por
90 cm. O tamanho era necessário
para que os monges reunidos pudessem ler as partituras.
Outros quadros e esculturas ficam em uma sala interna, incluindo artistas importantes, como
Zurbarán, Goya e El Greco.
Qualquer canto do mosteiro inclui alguma obra de arte. O esforço e os recursos gastos por diversas gerações mostram claramente
o enorme poder que tinha a Igreja
Católica na península Ibérica.
Ao ver a riqueza concentrada
em mosteiros como o de Guadalupe, fica mais fácil entender como uma sociedade permitiu ser
dominada por padres e bispos,
pela Santa Inquisição e por reis
para quem a guerra santa em defesa do cristianismo era sua primeira função na terra.
(RBN)
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