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PORTO DE AROMAS
Pela passarela rolante de 792 m, turista espia casas de nativos que margeiam esse meio de transporte
Balsa, bonde e escada desvelam cotidiano
DA ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG
Ela é rainha onipresente em
shoppings e em aeroportos, mas,
em Hong Kong, disputa lugar
com carros, ônibus e trens. Nessa
cidade chinesa, a escada rolante
ganhou status de meio de transporte público. Em pelo menos um
quesito, seus degraus batem qualquer concorrente: é o mais econômico, já que o "bilhete" é gratuito.
Uma série de escadas e passarelas rolantes, unidas por pequenos
degraus fixos, forma uma "estrada" de 792 metros que liga todas
as vias entre Queen's Road e Conduit Street, no norte da ilha de
Hong Kong. É o mais longo sistema desse tipo em todo o mundo.
O percurso, coberto, conta também com escadas e rampas comuns para quem estiver andando
na direção oposta à das escadas.
No início da manhã, elas descem, transportando para a região
central da ilha trabalhadores que
habitam o bairro de Mid-Levels.
No restante do dia, até a meia-noite, o sistema trabalha no sentindo inverso.
Como qualquer estrada com
duas pistas, as escadas rolantes
também possuem sua área expressa, à esquerda, para quem
quer caminhar enquanto os degraus sobem. Para os que não estão com pressa, fica reservado o
lado direito.
No meio do percurso, nas ruas
Elgin, Shelley e Stauton, pequenos
restaurantes iluminam o caminho. A região, chamada de SoHo
(por ser a região sul da Hollywood
Road), abriga bons lugares para
comer algo ou beber um café durante a noite. É só escolher um.
Enquanto sobe os degraus das
ruas inclinadas, o visitante pode
olhar pelas janelas abertas os minúsculos apartamentos -em
média, são 30 metros quadrados
para cada família- que se erguem ao redor das escadas.
A "espionagem" ajuda a entender melhor o cotidiano desses chineses: sentindo o cheiro de sua
comida, descobrindo quais as cores que eles escolhem para pintar
as suas paredes, como decoram a
sala, o que fazem quando chegam
do trabalho -que, não raro, dura
de dez a 12 horas por dia.
Cinquentões
Outra forma de transporte intensamente utilizada em Kong,
talvez a mais charmosa, se dá pelo
mar. Doze balsas, das décadas de
50 e 60, cruzam o porto de Victoria levando passageiros entre a
ilha de Hong Kong e a península
de Kowloon, das 6h30 às 23h30. O
bilhete custa apenas HK$ 2,20.
Entre as embarcações, tradicionalmente verdes, há modelos turísticos decorados como os barcos antigos que cruzam o rio norte-americano Mississipi.
Conhecidos como Star Ferries,
os barcos levam cinco minutos
para realizar o percurso. O que é
uma vantagem para os honcongueses torna-se uma lástima para
o forasteiro, que precisa de muito
mais tempo para apreciar tudo o
que está à sua frente. O olhar fica
dividido entre Hong Kong e Kow-loon. As duas disputam entre si o
título de vista mais bela e iluminada. Entre elas, o mar, que tira vantagem das duas, reflete as luzes de
ambas as costas.
Em terra firme, uma linha de
bondes corta a ilha de Hong Kong
desde 1904. É um dos mais antigos sistemas de transporte desse
tipo em funcionamento no mundo e o único que utiliza veículos
com dois andares -construídos
há mais de 50 anos. Coloridos, iluminados e silenciosos, os bondes
funcionam das 6h à 1h.
(JULIANA DORETTO)
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