São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2001

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Complexo com museu e igreja contém relíquias que expõem a riqueza do mais completo acervo colonial mexicano

Arte religiosa brilha em Tepotzotlán

DA ENVIADA ESPECIAL AO MÉXICO

Uma boa amostra do que foi o fausto do período colonial mexicano, especialmente com relação à arquitetura e aos objetos religiosos, pode ser conhecida a apenas 44 km da Cidade do México.
Tepotzotlán -não confundir com Tepoztlán, no Estado de Morelos-, pequena cidade ao norte da capital, hospeda o Museo Nacional del Virreinato, que, além de ter o mais completo acervo de arte colonial do país, forma um complexo com a rica igreja de San Francisco Javier, de 1670.
A visita pode começar pela igreja, à direita da entrada do museu (ingresso a 30 pesos, cerca de US$ 3). O atrativo mais difundido são os retábulos, no estilo churrigueresco, caracterizados pelas pilastras e pela abundância de curvas, flores, folhas de acanto, romãs e anjos. Mas o que realmente impressiona está escondido: o Camarín de la Virgen de Loreto, uma capela octogonal com decoração dourada, tão detalhada que até foi colocado um espelho em seu centro, para facilitar a observação das figuras do alto.
Essa verdadeira relíquia fica atrás da Casa de Loreto, uma suposta réplica da casa da Virgem de Nazaré, que teria sido levada por anjos a Loreto, na Itália, quando os muçulmanos invadiram a Terra Santa. Essa "ante-sala" tem um altar bonito, mas que perde até a graça se comparado ao Camarín.
O museu, um ex-colégio jesuíta dos séculos 17 e 18, articula-se em volta do pátio de entrada (Claustro de los Aljibes -"das cisternas", por causa dos dois poços). Para percorrer bem suas muitas salas, é bom dispor de um dia. Certos pontos, porém, são imperdíveis, mesmo sem tanto tempo.
Não deixe de visitar a Capilla Doméstica, lugar de oração que era usado pelos internos do colégio, ornada com muito ouro, imagens e peculiares espelhinhos.
Ainda no piso térreo, há uma sala dedicada à estatuária de marfim. Repare que as estátuas têm traços asiáticos, e não é à toa: muitas peças de culto vieram das Filipinas, o que explica o material e a aparência, no mítico Galeón de Manila, navio que transportava objetos do Oriente às famílias endinheiradas da Nova Espanha.
No pavimento superior, outro aspecto típico da arte sacra mexicana tem ala própria: são as virgens coroadas, como se convencionou chamar os quadros de santas portando enfeites floridos.
Para descansar a cabeça de tanta informação, não poderia faltar um jardim -alcance-o passando o Claustro de los Naranjos (laranjeiras). O que antes era um pomar, hoje oferece tanto sombras como um amplo gramado.
(FRANCESCA ANGIOLILLO)


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