São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mina desativada tira o fôlego do visitante

em Minas Gerais

O carrinho enferrujado que leva os turistas ao interior da mina de Passagem de Mariana (um lugarejo entre Ouro Preto e Mariana) lembra os veículos utilizados pelos sete anões da Branca de Neve.
Muitas vezes os turistas embarcam sem saber que o carro, preso a um cabo, é movimentado por um guincho fabricado em 1897.
Apesar de antigo, é seguro. "Ele é feito de peças fundidas que duram muito", informa o gerente da mina, Elton Ferreira, garantindo que o guincho passa constantemente por manutenção.
Na medida em que o carrinho avança rumo ao interior da terra, a temperatura vai diminuindo e o ar fica mais úmido. De repente, você se vê no meio de uma caverna escura, repleta de entradas escavadas -como os tetos não desabaram?- e imagina como um minerador pode ficar dentro daquele ambiente muitas horas por dia.
Aí é que está: não aguenta. Esses profissionais se aposentam depois de 15 anos de trabalho e normalmente adquirem silicose, uma obstrução de pulmão causada pela aspiração em excesso de sílica (uma substância existente na crosta terrestre).
Para uma visita de menos de uma hora, porém, a mina não provoca nenhum mal. O guia explora os inúmeros corredores com os turistas e fornece explicações.
"Olha, ainda há ouro aqui", mostra um dos turistas com entusiasmo. "Essa substância se chama ouro de tolo", explica o guia, decepcionando o comentarista e roubando risos dos demais. Segundo ele, o verdadeiro ouro é fosco e só brilha depois de tratado.
História
A mina de Passagem de Mariana foi explorada entre os anos de 1719 e 1986. O comprimento do local, se fosse em linha reta, é de 60 km, e a mina já rendeu 35 toneladas de ouro a ingleses e portugueses.
Hoje ela ainda possui o metal, mas está desativada porque o método de extração desenvolvido ali é tão ultrapassado que geraria mais prejuízo do que lucro.
"Mas pretendemos reativar a produção de ouro", diz Ferreira.
A mina deve comprar um maquinário mais moderno para a exploração do metal após a conclusão das pesquisas que estão sendo desenvolvidas por uma empresa canadense desde 1996.
Mas a reativação da produção não deve fechar a entrada da "caverna" aos turistas.
Além de aprender um pouco sobre o metal que foi um dos produtos mais importantes do Brasil na era colonial, o visitante ainda pode nadar no cristalino lago existente ali dentro. Mas cuidado para não bater a cabeça nas rochas em seu redor. A luz ambiente não é tão clara quanto a água.
Se isso acontecer, reze para santa Bárbara, protetora dos mineiros, cuja imagem só foi posta no interior da mina depois da desativação. Antes disso, era proibida a entrada de mulheres, padres e imagens santas para não atrapalhar os trabalhadores.
Se você terminar sua visita na hora do almoço, não deixe de comer no restaurante que fica na recepção. O bufê custa R$ 10 por pessoa, com direito a se servir à vontade e apreciar a saborosa comida mineira. Para grupos, o preço deve ser negociado. (MV)

Mina de Ouro da Passagem de Mariana: r. Eugênio Eduardo Rapallo, 192, Mariana, tel. (031) 557-5000. Aberta de segunda a domingo, das 9h às 17h30. Ingressos: R$ 15, adultos, e R$ 12, crianças de 7 a 12 anos




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.