São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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"UK RULES OK"

Herança cultural de Virginia Woolf guia passeios pela cidade

Dá para conhecer Londres seguindo rotas mencionadas em livros ou pelos endereços onde autora morou

MARINA DELLA VALLE
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Londres permeia a obra de Virgina Woolf (1822-1941) assim como Dublin é cenário constante nos livros de James Joyce (1882-1941), e Paris, nos de Marcel Proust (1871-1922).
Buscar inspiração nos livros, diários e na vida da escritora é uma maneira diferente de conhecer a cidade que ela tanto gostava 68 anos após sua morte, em 1941.
A autora, que escreveu a uma amiga que sua paixão por essa "grande cidade" era "seu único patriotismo", preferia se movimentar por Londres a pé, explorando o verde dos abundantes parques e praças.
Nesta época do ano, primavera, os passeios pelas áreas verdes são brindados por uma explosão de cores e movimento, árvores verdes, jardins floridos e muita gente aproveitando o sol da que começa a se firmar.
Os assentos do piso superior dos célebres ônibus de dois andares ("double deckers") era outra preferência da escritora para seus passeios por Londres. O sistema de metrô era utilizado apenas quando a pressa fazia sua rapidez uma necessidade.

Casas e rotas
Woolf nasceu ao lado de Kensington Gardens, charmoso parque adjacente ao Hyde Park, onde viveu até os 22 anos. Após a morte de seu pai, em 1904, Woolf e seus irmãos se mudaram para a região de Bloosmbury, na época menos respeitável que o afluente bairro de Kensington.
Bloomsbury batizou o famoso grupo de escritores, pintores e intelectuais que se reunia em suas praças e casas vitorianas, que incluía, além de Woolf, sua irmã, Vanessa Bell, E.M. Foster, Katherine Mansfield e Máximo Gorky, para lembrar de alguns poucos.
Nessa área de Londres, Woolf viveu em vários endereços, até que uma bomba destruiu seu último teto na cidade, no número 37 da Mecklenburg square, perto de Russel square, em 1940.
Perto da casa que dividia com o marido Leonard em Sussex (www.nationaltrust.org.uk/main/w-monkshouse), hoje outro ponto de visitação para fãs da autora, fica o rio Ouse, onde Woolf morreu afogada após encher os bolsos do casaco com pedras e afundar na água gelada.
Aficionados disputam qual obra de Woolf é seu "livro de Londres", com "Mrs. Dalloway" (ed. Nova Fronteira, tradução de Mario Quintana) e "Os Anos" (ed. Nova Fronteira, tradução de Raul de Sá Barbosa) entre como os principais concorrentes.
Quem gostaria de seguir os passos dos personagens de "Mrs. Dalloway" encontra um roteiro detalhado, em inglês, no site da Sociedade Virginia Woolf da Grã-Bretanha (www.virginiawoolfsociety.co.uk)
Mas é "Cenas Londrinas" (José Olympio, 2006, tradução de Myriam Campelo), livro curto e charmoso com cinco narrativas, escritas entre 1931 e 1932, comentando passeios pela cidade -além de um retrato literário de uma londrina típica fictícia -que guia parte dos passeios por Londres sugeridos nesta e nas próximas duas páginas desta edição.


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