São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"UK RULES OK"

Moderno e clássico são a cara de Londres

Caminhada que cruza o parque Hampstead Heath até o bairro de Highgate rende momentos reflexivos

PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para o visitante de primeira viagem é praticamente impossível sair de Londres sem a sensação de que conheceu apenas a ponta de um imenso iceberg humano. Cada vez mais multi-étnica e multifacetada, e sempre se expandindo e se reinventando, Londres não é facilmente descrita. Talvez sejam mesmo essa constante mutação e aparente indecifrabilidade os principais charmes da cidade.
A ausência de um centro único faz com que as atrações da capital britânica estejam espalhadas por toda a metrópole. E, graças a seu tamanho, anda-se muito: a pé, de metrô, de ônibus, de táxi (os "black cabs").
Nos últimos anos, o trânsito congestionado e a poluição foram parcialmente aliviados com a introdução de medidas restritivas de circulação na região central. Com isso, o século 21 não trouxe à Londres apenas construções modernas ou a paranóia pós-atentados. Trouxe também um ar mais saudável, limpo e propenso a dias de passeios intensivos com uma câmera fotográfica na mão e sem, necessariamente, muita ideia para onde seguir.
Para começar, todos os itens da extensa iconografia urbana londrina estão lá: o "black cab", o "double decker" (ônibus de dois andares), o "tube" (metrô), a cabine telefônica, a troca da guarda. Imagens tradicionais, que persistem e se justapõem à face moderna de uma metrópole global contemporânea.
Além dos clichês, Londres é uma cidade de muitos mercados, parques, museus -muitos deles, gratuitos-, pubs, vida noturna intensa e gastronomia. Não faltam opções nem sob a mais fria chuva.

Gaste sola de sapato
A melhor forma de conhecer e fotografar Londres é mesmo do lado de fora, principalmente a pé e num dia ensolarado.
A revitalizada margem sul do rio Tâmisa tornou-se um dos principais focos do turismo londrino. Uma ótima pedida é seguir o caminho que beira o rio entre a Tower Bridge (a torre de Londres) e a roda-gigante BA London Eye ao entardecer.
Ali ficam alguns dos principais exemplos das grandes obras realizadas recentemente na cidade, como a Tate Modern, a Millenium Bridge e o próprio "olho" de Londres, que na época de sua inauguração era a maior roda gigante do mundo. Nem é preciso dizer que a vista do alto de seus 150 metros é a melhor da cidade, ainda mais pela proximidade com o mais tradicional skyline londrino na outra margem do Tâmisa: o Big Ben, o Parlamento e as torres da abadia de Westminster. Pena os vidros não serem suficientemente limpos para caprichar naquela foto panorâmica perfeita.
Apesar de ser uma cidade em constante movimento, Londres também tem uma profusão de lugares para quem prefere a quieta contemplação de imagens quase rurais. Bairros aprazíveis e abastados, como Hampstead e Highgate, são um convite para passeios a pé por suas ruas arborizadas.
Numa cidade cheia de parques, o Hampstead Heath é um dos maiores e mais tranquilos, e a caminhada que cruza o parque via Parliament Hill, de onde se tem uma boa panorâmica da cidade, até o bairro de Highgate, é altamente recomendada. Aqui também fica o famoso cemitério de Highgate, bucólica morada final de Karl Marx.
Também agradável e fotogênico é o passeio até o tranquilo bairro de Greenwich. Rico em história marítima, o que atrai mesmo a maioria dos visitantes é o Observatório Real, onde é possível fazer aquela manjada pose com uma perna em cada hemisfério. Do alto da colina no parque real observa-se a distância o futurista distrito de Canary Wharf. Em contraste com a arquitetura tradicional de Greenwich, o bairro foi construído durante as últimas décadas no local das antigas docas, bombardeadas pelos nazistas. Antes de tomar o metrô de volta, aproveite para cruzar o centenário e claustrofóbico túnel de pedestres sob o Tâmisa.
Tudo isso é idealmente apreciado com paradas estratégicas em pubs, tomando uma cerveja enquanto curte no visor da câmera as melhores imagens do dia. Há ainda uma infinidade de outros passeios e sensações a descobrir nesta imensa e vigorosa cidade. Fica a pergunta: será possível conhecer Londres em apenas uma vida?


Texto Anterior: Victoria and Albert conta história dos trajes
Próximo Texto: "UK rules ok": Pacotes para Londres
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.