|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"UK RULES OK"
Moderno e clássico são a cara de Londres
Caminhada que cruza o parque Hampstead Heath até o bairro de Highgate rende momentos reflexivos
PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para o visitante de primeira
viagem é praticamente impossível sair de Londres sem a sensação de que conheceu apenas a
ponta de um imenso iceberg
humano. Cada vez mais multi-étnica e multifacetada, e sempre se expandindo e se reinventando, Londres não é facilmente descrita. Talvez sejam mesmo essa constante mutação e
aparente indecifrabilidade os
principais charmes da cidade.
A ausência de um centro único faz com que as atrações da
capital britânica estejam espalhadas por toda a metrópole. E,
graças a seu tamanho, anda-se
muito: a pé, de metrô, de ônibus, de táxi (os "black cabs").
Nos últimos anos, o trânsito
congestionado e a poluição foram parcialmente aliviados
com a introdução de medidas
restritivas de circulação na região central. Com isso, o século
21 não trouxe à Londres apenas
construções modernas ou a paranóia pós-atentados. Trouxe
também um ar mais saudável,
limpo e propenso a dias de passeios intensivos com uma câmera fotográfica na mão e sem,
necessariamente, muita ideia
para onde seguir.
Para começar, todos os itens
da extensa iconografia urbana
londrina estão lá: o "black cab",
o "double decker" (ônibus de
dois andares), o "tube" (metrô),
a cabine telefônica, a troca da
guarda. Imagens tradicionais,
que persistem e se justapõem à
face moderna de uma metrópole global contemporânea.
Além dos clichês, Londres é
uma cidade de muitos mercados, parques, museus -muitos
deles, gratuitos-, pubs, vida
noturna intensa e gastronomia.
Não faltam opções nem sob a
mais fria chuva.
Gaste sola de sapato
A melhor forma de conhecer
e fotografar Londres é mesmo
do lado de fora, principalmente
a pé e num dia ensolarado.
A revitalizada margem sul do
rio Tâmisa tornou-se um dos
principais focos do turismo
londrino. Uma ótima pedida é
seguir o caminho que beira o
rio entre a Tower Bridge (a torre de Londres) e a roda-gigante
BA London Eye ao entardecer.
Ali ficam alguns dos principais exemplos das grandes
obras realizadas recentemente
na cidade, como a Tate Modern, a Millenium Bridge e o
próprio "olho" de Londres, que
na época de sua inauguração
era a maior roda gigante do
mundo. Nem é preciso dizer
que a vista do alto de seus 150
metros é a melhor da cidade,
ainda mais pela proximidade
com o mais tradicional skyline
londrino na outra margem do
Tâmisa: o Big Ben, o Parlamento e as torres da abadia de
Westminster. Pena os vidros
não serem suficientemente
limpos para caprichar naquela
foto panorâmica perfeita.
Apesar de ser uma cidade em
constante movimento, Londres também tem uma profusão de lugares para quem prefere a quieta contemplação de
imagens quase rurais. Bairros
aprazíveis e abastados, como
Hampstead e Highgate, são um
convite para passeios a pé por
suas ruas arborizadas.
Numa cidade cheia de parques, o Hampstead Heath é um
dos maiores e mais tranquilos,
e a caminhada que cruza o parque via Parliament Hill, de onde se tem uma boa panorâmica
da cidade, até o bairro de Highgate, é altamente recomendada. Aqui também fica o famoso
cemitério de Highgate, bucólica morada final de Karl Marx.
Também agradável e fotogênico é o passeio até o tranquilo
bairro de Greenwich. Rico em
história marítima, o que atrai
mesmo a maioria dos visitantes
é o Observatório Real, onde é
possível fazer aquela manjada
pose com uma perna em cada
hemisfério. Do alto da colina no
parque real observa-se a distância o futurista distrito de
Canary Wharf. Em contraste
com a arquitetura tradicional
de Greenwich, o bairro foi
construído durante as últimas
décadas no local das antigas docas, bombardeadas pelos nazistas. Antes de tomar o metrô de
volta, aproveite para cruzar o
centenário e claustrofóbico túnel de pedestres sob o Tâmisa.
Tudo isso é idealmente apreciado com paradas estratégicas
em pubs, tomando uma cerveja
enquanto curte no visor da câmera as melhores imagens do
dia. Há ainda uma infinidade de
outros passeios e sensações a
descobrir nesta imensa e vigorosa cidade. Fica a pergunta:
será possível conhecer Londres
em apenas uma vida?
Texto Anterior: Victoria and Albert conta história dos trajes Próximo Texto: "UK rules ok": Pacotes para Londres Índice
|