São Paulo, segunda, 30 de junho de 1997.



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SUDESTE ASIÁTICO
Qualidade da terra e espírito mercantil pode explicar riqueza do sul derrotado pelo norte na guerra
Vietnã une calma budista e alma guerreira

no Sudeste Asiático

Quem visita hoje o Vietnã não compreende duas observações imediatas. Como o norte vencedor continua pobre, e o sul derrotado está ainda mais rico? E como pôde esse povo destituído de tudo derrotar, em guerras sucessivas, a rica França, a todo-poderosa América e a gigantesca China?
No Vietnã, em toda Indochina e em Myanma, riqueza se mede pela razão entre motocas e bicicletas.
Todas importadas do Japão e usadas. Em Hanói, no norte do Vietnã, para cada motoca (geringonça um pouco menor que uma motocicleta e um pouco maior que uma bicicleta motorizada), há dez bicicletas na rua.
Em Saigon, no sul, para cada bicicleta, há dez motocas. Segundo muitos vietnamitas, a razão para a disparidade entre o norte socialista e o sul de inclinação capitalista, mas governado pelo norte, é a qualidade da terra.
Enquanto no norte o arroz é colhido em áridas terras montanhosas 1 vez por ano, no sul os vales e os deltas permitem de 2 a 3 colheitas. E atrás do arroz vem o resto.
Há ainda uma cultura mercantilista em Ho Chi Minh (ex-Saigon) que não existe em Hanói, diriam os liberais. Talvez seja verdade.
Apesar da pobreza, Hanói é uma cidade cativante.
Mas o que mais encanta é a impenetrável resignação dessa sociedade guerreira e paciente.
Uma população sem ressentimentos, transbordando de serena boa vontade. Talvez por causa da tolerância budista que impregna a filosofia de vida dessa sociedade.
(ROGÉRIO C. DE CERQUEIRA LEITE)



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