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SUDESTE ASIÁTICO
Qualidade da terra e espírito mercantil pode explicar riqueza do sul derrotado pelo norte na guerra
Vietnã une calma budista e alma guerreira
no Sudeste Asiático
Quem visita hoje o Vietnã não
compreende duas observações
imediatas. Como o norte vencedor
continua pobre, e o sul derrotado
está ainda mais rico? E como pôde
esse povo destituído de tudo derrotar, em guerras sucessivas, a rica
França, a todo-poderosa América
e a gigantesca China?
No Vietnã, em toda Indochina e
em Myanma, riqueza se mede pela
razão entre motocas e bicicletas.
Todas importadas do Japão e
usadas. Em Hanói, no norte do
Vietnã, para cada motoca (geringonça um pouco menor que uma
motocicleta e um pouco maior que
uma bicicleta motorizada), há dez
bicicletas na rua.
Em Saigon, no sul, para cada bicicleta, há dez motocas. Segundo
muitos vietnamitas, a razão para a
disparidade entre o norte socialista e o sul de inclinação capitalista,
mas governado pelo norte, é a qualidade da terra.
Enquanto no norte o arroz é colhido em áridas terras montanhosas 1 vez por ano, no sul os vales e
os deltas permitem de 2 a 3 colheitas. E atrás do arroz vem o resto.
Há ainda uma cultura mercantilista em Ho Chi Minh (ex-Saigon)
que não existe em Hanói, diriam
os liberais. Talvez seja verdade.
Apesar da pobreza, Hanói é uma
cidade cativante.
Mas o que mais encanta é a impenetrável resignação dessa sociedade guerreira e paciente.
Uma população sem ressentimentos, transbordando de serena
boa vontade. Talvez por causa da
tolerância budista que impregna a
filosofia de vida dessa sociedade.
(ROGÉRIO C. DE CERQUEIRA LEITE)
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