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LIGÚRIA
O arquiteto Renzo Piano e, provavelmente, Cristóvão Colombo são frutos da cidade italiana que tem o maior porto do país
Gênova, ou "A Soberba", tem filhos nobres
DO ENVIADO ESPECIAL À LIGÚRIA
A Gênova que será capital européia da cultura em 2004 é a mesma metrópole agiornada que
reurbanizou a zona portuária
com projeto do arquiteto Renzo
Piano, a partir de 1992, nas comemorações dos 500 anos da viagem
de Colombo à América.
A reforma revitalizou o entorno
do porto da quinta maior cidade
italiana, onde vivem 800 mil pessoas, e edificou um dos mais vistosos aquários da Europa, afastando, de
quebra, a decadência e a delinquência. Também restaurou de
igrejas a prédios públicos, dotando antigos armazéns de infra-estrutura turística, implantando
melhoramentos como píer para
barcos de passeio, pavilhão para
dançar e elevador panorâmico.
Maior porto da Itália, local por
onde passaram os imigrantes italianos que foram "fazer a América" no século 19, Gênova se projetou já no século 12, vencendo os
piratas sarracenos que agiam na
costa da Ligúria.
Mas a cidade, onde nesta época
do ano os termômetros registram
temperaturas acima de 20C,
moldou sua identidade ao se tornar uma república independente,
alcunhada "La Superba" (A Soberba), controlando o comércio
em locais como Argélia e Síria.
Nessa época, quando os mercadores locais fizeram fama e fortuna atuando seja em Bizâncio (hoje Istambul) ou em Bruges (na atual
Bélgica), Gênova rivalizou até
com Veneza, então chamada de
"La Serenissima", com quem
guerreou entre 1378 e 1381, levando, aliás, a pior.
Cristóvão Colombo, o navegador que sem saber descobriu a
América há cinco séculos, em
1492, a soldo dos reis da Espanha,
deve ter nascido lá, numa casa localizada na Porta Soprana, antigo
portão leste da cidade, na piazza
Dante -o que ratifica a vocação
marítima dos genoveses.
Embora fique bem no meio da
Riviera Italiana, entre San Remo e
Viareggio, Gênova é agitada, sede
de indústrias e dona de um comércio algo feérico.
Fica encravada entre os montes
Apeninos e a costa da Ligúria,
tendo a leste a Riviera di Levante
(onde fica o balneário de Portofino) e a oeste a Riviera de Ponente
(com destaque para San Remo),
ocupando uma área que, diante
do mar, se estende por 34 km.
Porto antigo
Quem sobe pelos becos que
convergem até o porto em direção
à piazza de Ferrari (marcada por
uma fonte circular de 1936) logo
topa com uma catedral do século
13 consagrada a são Lourenço,
também chamada de Duomo.
Atrás da fachada monumental e
algo espartana, ornamentada por
listas de mármore cinza e rosado,
San Lorenzo esconde a capela dedicada a são João Batista, padroeiro da cidade.
Deixando os becos que levam
ao porto para trás, já no alto, passando pela piazza de Ferrari, chega-se ao palazzo Ducale, antiga
casa dos doges genoveses, que
funciona como centro cultural,
abrigando pátios internos emoldurados por arcadas.
A partir dali, a cidade, cujo site
oficial é www.apt.genova.it, realmente ganha ares de metrópole
na via 20 Settembre, onde as lojas
ficam encravadas sob galerias
que, no inverno, protegem o pedestre do vento "libeccio" (pronuncia-se libétchio), que gela becos e avenidas no final do ano.
Na via Garibaldi, os palácios foram erguidos pelas famílias que
controlaram a cidade, como os
Doria, os Grimaldi, os Spinola e os
Di Negro, empreitando obras de
pintores flamengos, como Pedro
Paulo Rubens e Anthony van
Dyck, e italianos, como Alessandro Magnasco e Bernardo Strozzi.
Outra obra de arte genovesa não
é feita de mármore nem de tinta a
óleo. Rivalizando com os pescados, as massas com molho pesto,
feito de manjericão, queijo pecorino (de cabra) e pinólis, são especialidade regional.
(SILVIO CIOFFI)
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