São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2001

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JOGO AMISTOSO

Destino de passagem, capital tem trânsito ruim, apesar de ter sido embelezada

Revitalização tira caos de Bogotá

Adriana Zehbrauskas/Folha Imagem
A praça de Bolívar, em Bogotá, reúne "4 poderes" ao abrigar a prefeitura, o Senado, a Câmara de Deputados, o Palácio Arcebispal e a catedral


DO ENVIADO ESPECIAL À COLÔMBIA

A capital da Colômbia viveu um processo de revitalização nos últimos oito anos e deixou de ser uma cidade caótica. Não merece ser o destino final de uma viagem, mas oferece boas opções para o turista que estiver de passagem.
Para quem tem um pouco mais de tempo, o melhor é ir até Zipaquirá, uma cidadezinha a 52 quilômetros onde fica a maior catedral subterrânea do mundo. Na própria capital, o Museu do Ouro é parada obrigatória.
Construída entre montanhas, a 2.800 metros de altitude, Bogotá é uma cidade horizontalizada. Ela possui poucos prédios, e a maior parte deles é baixa.
Os perueiros clandestinos -ou "piratas", como são conhecidos na Colômbia- trabalham livremente, o que complica o trânsito, considerado pela São Paulo Transporte (empresa que gerencia o sistema de transporte público na capital paulista) um dos piores do mundo.
Para completar, Bogotá não tem metrô e só agora começa a construir corredores de ônibus, a serem operados por veículos biarticulados, de alta capacidade.
Em janeiro deste ano, a prefeitura acabou com a canalização de um pequeno córrego, o choro de San Francisco, que atravessava a cidade, e utilizou a água para fazer pequenos tanques que formam espelhos-d'água.
Bogotá é a segunda maior cidade exportadora de flores do mundo. Por isso elas podem ser compradas por preços irrisórios e há belíssimos exemplares delas em quase todos os canteiros.

Candelária
O bairro da Candelária reúne os principais pontos turísticos da cidade. Com ruas estreitas, tem casario em estilo arábico e andaluz e centenas de igrejas e capelas.
Ao caminhar pelas ruas, o turista vai perceber que algumas casas têm bandeiras vermelhas hasteadas. É que, de acordo com a tradição local, todos os estabelecimentos que vendem carne devem ostentar a tal bandeira.
Quando foi lançada a Declaração dos Direitos do Homem, Antônio Nariño foi o primeiro colombiano a traduzi-la para o espanhol e passou a entregar cópias manuscritas dela aos amigos.
Com o tempo, a procura cresceu e ele escreveu a declaração nos muros de sua casa, construída no século 19. Hoje o local é chamado praça dos Direitos do Homem e é uma boa oportunidade para o turista se recordar dos seus direitos - e dos outros.
Também na Candelária está a igreja de Santo Ignácio de Loyola, que tem o altar e o teto cobertos de ouro. Os colombianos fazem fila na igreja para pegar água benta, que é distribuída por uma torneira. Todos os dias de manhã, o padre benze a caixa-d'água. Pouco a frente fica o Colégio Mayor de San Bartolomeu, construído em 1604 pelos padres jesuítas.
A praça de Bolívar é o centro do poder no país e, segundo os colombianos, reúne os quatro poderes. Em uma das extremidades fica o Capitólio, onde funciona o Senado e a Câmara dos Deputados (Legislativo). No lado oposto, fica o Palácio da Justiça, sede do Poder Judiciário. Em um dos lados, fica a Alcaldía -prefeitura- de Bogotá (Executivo) e, do outro lado, o Palácio Arcebispal (a Igreja Católica seria o quarto poder) e a catedral de Bogotá, que só fica aberta na parte da manhã, por questão de segurança.
Atrás do Capitólio, estão localizados a Casa Presidencial e os escritórios dos senadores.
No centro da praça há um busto de Simon Bolívar, herói da independência da Colômbia, da Venezuela, do Panamá, da Bolívia, do Equador e do norte do Peru.
Distante do centro da cidade fica a Quinta de Bolívar, casa de recreio dada de presente a ele, em 1820, pela junta que governava a Colômbia, como forma de agradecimento por sua atuação no processo de independência do país, terminado em 1819.
Bolívar viveu na casa até 1830, quando morreu de tuberculose, aos 47 anos. Ele governou a Colômbia entre 1828 e 1830 e renunciou pouco antes de morrer, após escapar de um atentado.

Lei seca
A vida noturna de Bogotá não é comparável à das principais capitais brasileiras nem à das cidades litorâneas da Colômbia.
Uma lei municipal exige que todos os bares da cidade fechem as portas à 1h, como forma de reduzir a violência. A lei é cumprida e proporcionou uma queda de cerca de 20% nos índices de violência noturna da cidade. A norma é conhecida como "lei cenoura". De acordo com a gíria local, "cenoura" é uma pessoa "quadrada", de hábitos pouco extravagantes.
Para fugir da proibição, os jovens procuram as cidades vizinhas. Os eventuais acidentes de trânsito causados pelos motoristas bêbados não entram nas estatísticas de Bogotá.
(ROBERTO COSSO)



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