São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2001

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PAMPAS

Lenda do Negrinho do Pastoreio é contada no teto da sede do governo, que guarda o Ford "Bigode" de Borges de Medeiros

Piratini liga tradição popular e política

DA ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE

"Não dava pousada a ninguém, não emprestava um cavalo a um andante; no inverno o fogo da sua casa não fazia brasas; as geadas e o minuano podiam estanguir gente, que a sua porta não se abria; no verão a sombra dos seus umbus só abrigava os cachorros; e ninguém de fora bebia água das suas cacimbas."
É assim, na versão de "Contos Gauchescos e Lendas do Sul", de J. Simões Lopes Neto, que se descreve o senhor do Negrinho do Pastoreio. Um homem sem coração, capaz de, por ter deixado os cavalos fugirem, açoitar e atirar seu pequenino escravo em um formigueiro, causando sua morte.
A lenda do negrinho -transformado em mito com poder até, diz o imaginário, de ajudar na busca de objetos perdidos- foi pincelada no teto do Palácio Piratini, sede do governo estadual, na praça Marechal Deodoro.
Não estivesse o prédio, em estilo Luís 15, impregnado de história, esticar o pescoço para admirar o trabalho do pintor italiano Aldo Locatelli já seria suficiente para fazer valer a visita. Só que foi desse edifício que o então governador Leonel Brizola e os gaúchos comandaram o movimento da Legalidade, que, em 1961, assegurou a posse de João Goulart na Presidência da República.
É também a residência oficial do governador -atualmente, Olívio Dutra (PT)- desde 1921. Algumas partes do casarão, na ala residencial -os salões de espelhos e de banquetes e o oratório-, só podem ser visitadas uma vez por ano, no dia 16 de maio, aniversário do palácio.
O quarto ocupado por Getúlio Vargas quando titular do cargo ainda está intacto, do jeito que ele deixou, mas não faz parte do roteiro. Os carros usados pelos governantes, no entanto, estão em exposição permanente: um modelo alemão que foi de Getúlio e um Ford "Bigode", meio de transporte oficial de Borges de Medeiros, que governou o Estado por vários mandatos nas primeiras décadas do século passado.

Teatro
Do outro lado da praça, o Theatro São Pedro, em barroco português de 1858, é resquício do tempo em que Porto Alegre se chamava Província de São Pedro. É decorado em veludo e ouro, e, tanto por dentro quanto por fora, uma visita ao prédio, tombado em 84, é garantia de tempo bem gasto. (RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO)


Palácio Piratini - Praça Marechal Deodoro, s/nš, centro. Tel. 0/xx/51/3210-4100; visitação: de segunda a sexta, das 9h30 às 11h30 e das 14h às 17h30, gratuita; Theatro São Pedro - tel. 0/xx/51/ 3227-5100; visitação: de terça a sexta, das 12h às 18h, gratuita.



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