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ESTAMPA AFRICANA
País árido, percorrido pela terra, faz fronteira com nação de pântanos e savanas, explorada pelo ar
Namíbia e Botsuana opõem suas texturas
OTÁVIO DIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA, NA ÁFRICA
Quinze dias vividos intensamente do nascer ao pôr-do-sol. À
noite, nenhuma luz de cidade
ofusca o céu cheio de estrelas. O
frio cortante da manhã de inverno cede, enfim, ao calor do meio-dia. Na desértica Namíbia, cores e
texturas aguçam a visão. Em Botsuana, a mistura de pântano, savana e selva esconde e revela uma
explosão de bichos. Viajar pela
África é um choque radical de natureza, uma volta às origens.
Namíbia e Botsuana estão entre
os cinco países líderes em safári
na África. Os outros são África do
Sul, Quênia e Tanzânia. Zâmbia é
um destino turístico em ascensão.
Vizinhos no sul do continente,
os dois países não poderiam ser
mais opostos. A Namíbia é caracterizada pelas paisagens vastas,
pelo chão seco e pedregoso, por
animais que vivem em condições
extremas. Botsuana mostra toda a
sua exuberância na região do delta do Okavango, onde flora e fauna se encarregam de dar um espetáculo a cada segundo.
Na Namíbia, as distâncias são
grandes, mas é possível viajar por
terra em carros ou caminhões
com tração nas quatro rodas e
acampar na maioria dos lugares
sem correr maior risco. Já em
Botsuana, aviões monomotores
são o único meio de locomoção
entre os acampamentos permanentes localizados no delta do
Okavango. E olhos abertos, pois
os animais selvagens são os legítimos donos do lugar.
Ambos os países oferecem opções de safári de alto nível. Nesses
programas, o turista vive experiências radicais com segurança e
sem abrir mão do conforto.
Nos primeiros dias de safári, bate uma ansiedade de garantir logo
os chamados "big five" (os "cinco
grandes": elefante, rinoceronte,
leão, leopardo e búfalo). Mas como não incluir na lista a girafa, o
guepardo ("cheetah") e o cão selvagem ("wild dog")?
Depois, o viajante percebe que o
safári não se resume a ver esses
bichos incríveis, mas em aproveitar todas as experiências que podem ser vividas nesse mergulho
na África selvagem.
É dormir em uma tenda ouvindo os barulhos da noite, prestar
atenção na luz suave das primeiras horas da manhã, sentir a vibração da terra quente no meio
da tarde, contar as estrelas cadentes na fogueira após o jantar.
É observar a beleza e o comportamento único de cada animal
que surge: um minúsculo pássaro
multicolorido que se equilibra na
haste de uma planta aquática,
uma coruja que dorme absolutamente imóvel num galho de árvore, um elefante que arranca cuidadosamente pedaços das raízes de
uma árvore para se alimentar.
Às vezes, o leão insiste em não
se mostrar, mas suas pegadas na
noite anterior estão evidentes na
areia da estrada. A diversão é então seguir sua trilha por quilômetros, num silêncio cheio de expectativa, até o rastro subitamente
desaparecer. O grande felino está
por perto. Onde? Não importa.
Mais do que fotos, essa é a
maior contribuição que o viajante
pode levar para casa ao final de
duas semanas de safári na África.
O que vale é relaxar e curtir, sem
ansiedade, aquilo que a natureza
quiser mostrar.
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