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QUALQUER VIAGEM
Cansado dos velhos políticos? Tente um ator!
DAVID DREW ZINGG
em Sampa
"Voz horrível, mau hálito e modos vulgares -as características do político popular." Aristófanes
Mais uma vez é hora de diversão na Gringolândia.
Está oficialmente aberta a temporada de caça política.
Está lançada a corrida para ver
quem vai conquistar as indicações
ao direito de concorrer nas eleições presidenciais do mágico ano
2000. Como ainda estamos no início da partida, vemos a abundância costumeira de "wannabes"
(pessoas que gostariam de ganhar
ou ser alguém, mas não conseguem).
Pelo lado republicano, a lista é
encabeçada por George W. Bush,
filho do presidente derrotado por
Bill "Monica" Clinton. Bush filho
é governador do Estado caubói do
Texas. É conhecido como tolo,
mas é imensamente popular (se
vencer, será o primeiro presidente
eleito a admitir ter cometido "indiscrições" na juventude -leia-se
consumo de cocaína).
Na primeira prova de força política, duas semanas atrás, no Estado de Iowa, Bush saiu vencendo.
Steve Forbes, um tolo extremamente rico, abriu caminho a dólares para o segundo lugar.
Elizabeth Dole, ao conquistar a
terceira posição, mostrou que a
idéia de uma mulher na presidência está ganhando espaço.
O perdedor favorito de tio Dave,
o homem que não sabe grafar a
palavra "potato", levou um banho revigorante de água fria, chegando em último lugar. Seu nome, obviamente, é Dan Quayle e,
mesmo mancando, ele continua
firme na parada.
Os democratas são melhores
No campo democrata, o tema
geral é o tédio em estado puro,
bestificante.
O vice-presidente em exercício,
Al "The Bore" ("O Chato") Gore é
um chato de galochas, extremamente inteligente e bem-intencionado.
Também é o favorito ungido de
Clinton.
Gore pega pesado na defesa de
tudo que é bom -de ecologia e
crianças à Internet. O problema é
que, quando abre a boca, o público ouvinte entra em estado de sonolência politicamente induzida.
Seu rival lógico para a candidatura presidencial democrata, Bill
Bradley, é a imagem espelhada da
rigidez inexpressiva capaz de entorpecer a mente de quem o ouve
ou vê. O Velho Guru Político Dave
conhece Bradley -ambos vêm da
linda parte escondida do Estado
de Nova Jersey.
Ambos os rivais são oradores soporíferos, capazes de reduzir qualquer comício ou reunião política a
um estado de torpor generalizado.
Como foi que ficaram assim?
A explicação provavelmente
tem algo a ver com a ausência de
sofrimento pessoal comum a ambos. Os dois políticos cresceram
em lares prósperos, entre famílias
amorosas. O pai de Gore era senador; o de Bradley, dono de um
banco.
Ambos se tornaram adultos tremendamente bem-sucedidos, sem
precisar enfrentar nenhuma dificuldade realmente grande.
Ambos parecem ter vidas familiares felizes.
A ausência de dor oculta os distingue de gente como Bill Clinton,
que sobreviveu a uma família disfuncional e marcada por separações.
Gore e Bradley não têm índole
agressiva, resultante de algum
sentimento de terem sido injustamente tratados, não têm lado obscuro e não têm muito a provar ao
mundo. Pode-se dizer que, enquanto Bradley é apenas maçante, Gore é um chato de verdade.
O vice-presidente fala de temas
técnicos e complicados de uma
maneira que é ao mesmo tempo
pedante e condescendente, como
se estivesse dando aula a uma
criancinha ou treinando um cão.
Quando fala sobre produtos que
contêm clorofluorcarbono, consegue a proeza impressionante de
fazer o ouvinte sentir-se culpado,
insultado e entediado, tudo ao
mesmo tempo.
Um ator para presidente?
Se esses candidatos que têm
mais chance de ganhar são tão resolutamente maçantes, por que
não apimentar o cenário político
da Gringolândia com algo novo e
instigante? Algo como um ator,
por exemplo.
E acontece que há justamente
um sujeito de Hollywood esperando para pisar no palco.
Que tal um presidente chamado
Warren Beatty?
A notícia de que o astro de 61
anos está considerando a possibilidade de se candidatar à Casa
Branca eletrizou as apagadas primárias do Partido Democrata.
Beatty sabe que possui o ingrediente crucial numa corrida eleitoral presidencial: um nome conhecido. Mulheres em todo o país
estão comentando: "Warren
Beatty? É mesmo, estou lembrando -é aquele sujeito com quem
transei no final dos anos 60".
Diferentemente dos outros candidatos plutocratas e ricos, Beatty
subiu na vida pelo caminho duro.
Ele abriu caminho por meio da
longa e árdua labuta de Natalie
Wood, Leslie Caron, Brigitte Bardot, Cher, Julie Christie, Diane
Keaton, Isabelle Adjani etc.
Se todas as mulheres norte-americanas com quem ele já foi para a
cama votarem nele, Warren
Beatty é aposta certa para a presidência.
Vejamos: Candice Bergen, Jane
Fonda, Goldie Hawn, Madonna...
Tradução de Clara Allain
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