São Paulo, domingo, 2 de março de 1997.

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Rede Record adota padrão trash em `Filha do Demônio'

Cléo Velleda/ Folha Imagem
Na cena do ritual de "A Filha do Demônio", que se passa no inferno, aparece um extintor de incêndio


DANIEL CASTRO
da Reportagem Local

A minissérie ``A Filha do Demônio'', que estréia amanhã às 20h30 na Rede Record, é assumidamente ``mexicana''.
Assim como as novelas da Televisa, a produção que marca a volta da Record à teledramaturgia tem atuações carregadas, às vezes grotescas e caricatas, e texto que se sustenta na dicotomia bem versus mal.
Baseada em ``fato real'', narrado por uma fiel da Igreja Universal do Reino de Deus, a minissérie, em cinco capítulos, conta a história de uma menina que teve sua alma vendida ao diabo.
Logo nas primeiras cenas, o diabo (interpretado por João Vitti) aparece vestido como homem normal na praça da Sé (centro de São Paulo).
Lá trabalha o vendedor ambulante Mário (Luiz Carlos de Moraes), um homem pobre, mas ambicioso e mulherengo.
Depois de ``seduzido'' pelo diabo, Mário vê aparecer do nada uma mala com US$ 100 mil e ainda conquista duas belas mulheres. Em troca, ele vende a alma de sua filha, Ana (Patrícia de Sabrit), que se torna drogada e prostituída, mas será salva por Cristo.
O esforço pela ``mexicanização'' acabou deixando a minissérie mais trash do que os dramalhões da Televisa.
No capítulo que vai ao ar amanhã, há uma cena em que Ana, ainda bebê, acorda no berço com seu corpo todo coberto de minhocas e vermes.
Algumas cenas depois, já com 3 ou 4 anos, a menina aparece com a boca suja, após ter matado um cachorro e ter bebido o sangue do animal. Mas o sangue é tão aguado que mais parece suco artificial.
Em outra cena, o diabo bebe o sangue de uma moça em um ritual satânico. Só que a moça, embora esfaqueada no coração, continua respirando.
Para realçar a malignidade do diabo, a Record usou efeitos especiais. Ele desaparece num piscar de olhos, transforma objetos em cobras e lança feixes luminosos de seus olhos.

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