São Paulo, Domingo, 02 de Maio de 1999
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IBOPE
Diretor do Ibope afirma consolidação de emissoras paulistas muda a audiência
Audiência paulista migra da Globo

da Reportagem Local

A mudança na medição em tempo real do Ibope aconteceu há oito anos, passando a ser divulgado só o índice obtido em São Paulo. Mas só agora artistas e profissionais de TV resolveram reclamar.
Em reportagem publicada no TV Folha da semana passada, o autor da novela "Andando nas Nuvens", Euclydes Marinho, disse que a novela vai mal em São Paulo, mas é bem aceita no resto do país. Regina Casé, do "Muvuca", afirmou à Revista da Folha que só os paulistas rejeitam seu programa.
Carlos Augusto Montenegro, 45, diretor-executivo do Ibope, contesta as críticas. Para ele, as observações feitas por Marinho são infundadas. "Novela e telejornal são fenômenos nacionais. A diferença é realmente por causa da concorrência", afirma.
Quanto às críticas de Regina Casé, declara: "Ela perdeu para a concorrência, mas a Globo é mais forte nacionalmente".
Este "fenômeno São Paulo", segundo ele, é muito antigo -"desde os tempos da Tupi".
As emissoras paulistas (Band, SBT e Record) que disputam a hegemonia com a Globo são responsáveis pelos novos patamares de audiência, segundo o diretor do Ibope.
"As emissoras Bandeirantes, Record e SBT são localizadas em São Paulo. É natural que sua programação seja mais voltada para o público local. Não é a medição que torna São Paulo mais concorrida, são as programações."
Segundo ele, a recíproca de as outras emissoras reclamarem não acontece.
"O "Cidade Alerta" (Record) dá 12 pontos em São Paulo. No Rio, fica com dois ou três pontos porque os problemas, os bandidos, os buracos de rua são da cidade e não interessam à outras praças."
Segundo ele, a diferença entre Rio e São Paulo no "Programa do Ratinho" (SBT) chega a 12 pontos -cada ponto equivale a 80 mil telespectadores na Grande São Paulo. "Essa diferença vai para a concorrência do SBT."
Para ele, a forma de a Globo recuperar a audiência no Estado seria criar uma programação para São Paulo e outra para o resto do país.
"Particularmente, acho um absurdo as emissoras fazerem uma programação nacional com os resultados só de São Paulo."
Segundo ele, "São Paulo e Rio têm muita diferença de público e de audiência, mas a análise dos dados deve ser de longo prazo".
"A alteração da coleta de dados para São Paulo foi feita de acordo com uma comissão formada por emissoras e agências."
E Montenegro completa: "Agora, se quiserem que o Ibope passe a fazer medições em tempo real em todo o país, podemos fazer, mas isso tem um custo".
Segundo ele, o Ibope coleta dados em todo o país. No Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, por exemplo, só saem no dia seguinte. Em algumas regiões, demoram uma semana.
Para Daniel Barbará, diretor comercial da DPZ, o atual modelo de programação não deve mudar. "Não tem graça fazer medição no Rio porque, lá, a Globo é hegemônica. Temos de procurar um lugar onde haja concorrência."
Barbará aponta uma razão para as críticas de Casé: "O programa é carioca demais. Muito "moderno". Nem sempre traz coisas interessantes para São Paulo". (ALINE SORDILI)




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