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IBOPE
Diretor do Ibope afirma consolidação de emissoras paulistas muda a audiência
Audiência paulista migra da Globo
da Reportagem Local
A mudança na medição
em tempo real do Ibope
aconteceu há oito anos,
passando a ser divulgado
só o índice obtido em São
Paulo. Mas só agora artistas e profissionais de TV
resolveram reclamar.
Em reportagem publicada no TV Folha da semana
passada, o autor da novela
"Andando nas Nuvens",
Euclydes Marinho, disse
que a novela vai mal em
São Paulo, mas é bem aceita no resto do país. Regina
Casé, do "Muvuca", afirmou à Revista da Folha
que só os paulistas rejeitam seu programa.
Carlos Augusto Montenegro, 45, diretor-executivo do Ibope, contesta as
críticas. Para ele, as observações feitas por Marinho
são infundadas. "Novela e
telejornal são fenômenos
nacionais. A diferença é
realmente por causa da
concorrência", afirma.
Quanto às críticas de Regina Casé, declara: "Ela
perdeu para a concorrência, mas a Globo é mais
forte nacionalmente".
Este "fenômeno São
Paulo", segundo ele, é
muito antigo -"desde os
tempos da Tupi".
As emissoras paulistas
(Band, SBT e Record) que
disputam a hegemonia
com a Globo são responsáveis pelos novos patamares
de audiência, segundo o
diretor do Ibope.
"As emissoras Bandeirantes, Record e SBT são
localizadas em São Paulo.
É natural que sua programação seja mais voltada
para o público local. Não é
a medição que torna São
Paulo mais concorrida,
são as programações."
Segundo ele, a recíproca
de as outras emissoras reclamarem não acontece.
"O "Cidade Alerta" (Record) dá 12 pontos em São
Paulo. No Rio, fica com
dois ou três pontos porque
os problemas, os bandidos, os buracos de rua são
da cidade e não interessam
à outras praças."
Segundo ele, a diferença
entre Rio e São Paulo no
"Programa do Ratinho"
(SBT) chega a 12 pontos
-cada ponto equivale a 80
mil telespectadores na
Grande São Paulo. "Essa
diferença vai para a concorrência do SBT."
Para ele, a forma de a
Globo recuperar a audiência no Estado seria criar
uma programação para
São Paulo e outra para o
resto do país.
"Particularmente, acho
um absurdo as emissoras
fazerem uma programação
nacional com os resultados só de São Paulo."
Segundo ele, "São Paulo
e Rio têm muita diferença
de público e de audiência,
mas a análise dos dados
deve ser de longo prazo".
"A alteração da coleta de
dados para São Paulo foi
feita de acordo com uma
comissão formada por
emissoras e agências."
E Montenegro completa:
"Agora, se quiserem que o
Ibope passe a fazer medições em tempo real em todo o país, podemos fazer,
mas isso tem um custo".
Segundo ele, o Ibope coleta dados em todo o país.
No Rio, Belo Horizonte,
Porto Alegre, por exemplo, só saem no dia seguinte. Em algumas regiões,
demoram uma semana.
Para Daniel Barbará, diretor comercial da DPZ, o
atual modelo de programação não deve mudar.
"Não tem graça fazer medição no Rio porque, lá, a
Globo é hegemônica. Temos de procurar um lugar
onde haja concorrência."
Barbará aponta uma razão para as críticas de Casé: "O programa é carioca
demais. Muito "moderno". Nem sempre traz coisas interessantes para São
Paulo".
(ALINE SORDILI)
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