São Paulo, domingo, 3 de maio de 1998

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Para ler a televisão

ELAINE GUERINI
da Reportagem Local

O público interessado em se aprofundar nos bastidores da TV, seus programas e suas personalidades pode se decepcionar ao visitar a 15ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece no Expo Center Norte.
Os lançamentos ligados à televisão são escassos, e as poucas opções se limitam principalmente a biografias -fazendo com que o evento tenha pouco a acrescentar à biblioteca do leitor/telespectador.
Na categoria lançamentos biográficos, as principais personalidades que têm suas vidas esmiuçadas são a atriz Gillian Anderson, da série "Arquivo X", o apresentador Ratinho e o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão.
A protagonista feminina das aventuras mirabolantes criadas por Chris Carter é alvo de biografia não-autorizada escrita por Gil Adamson e Dwan Connolly. "Arquivo Anderson" conta a trajetória pessoal e profissional da atriz.
"Aproveitamos o gancho do filme "Arquivo X', que estréia este ano, para lançar mais um título relacionado à série", afirma Sidney Guerra, 23, um dos produtores da Mercuryo.
A editora já colocou no mercado livros sobre os bastidores do seriado, novelas inéditas com os personagens e a biografia de David Duchovny. "A história de Gillian vai enlouquecer os fãs."
Em "Ratinho - Coisa de Louco", Beto Junqueira, 42, redigiu em primeira pessoa o depoimento do apresentador mais polêmico da atualidade.
Amigo e consultor de Ratinho, Junqueira reconhece que o momento é oportuno -depois que o apresentador virou sensação na mídia ao conseguir desbancar a audiência da Globo.
"A idéia do livro surgiu há três meses", despista o escritor, que destaca as passagens pitorescas na vida de Ratinho -entre elas, seu trabalho como "preparador de defunto" em uma funerária.
"Conto como cheguei até aqui. Fiz questão que a linguagem fosse bem simples e que o preço fosse baixo (R$ 9,50) para deixar o livro acessível ao meu público", conta Ratinho, 42.
Já a história de Zé do Caixão, escrita por André Barcinski e Ivan Finotti, tem como objetivo buscar reconhecimento à obra do cineasta. "Mesmo tendo dirigido 31 filmes, o Mojica não é respeitado no Brasil", diz Finotti, 27.
A atuação do diretor na televisão é registrada no capítulo "Os Testes Macabros: Terror na TV". Os programas "Além, Muito Além do Além", apresentado na Bandeirantes em 1967, e "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", que a TV Tupi exibiu em 68, são relembrados no texto.
Do gênero autobiografia, destaca-se "Apenas um Subversivo", de Dias Gomes. Apesar de o livro dedicar mais páginas às peças teatrais e à militância política do autor, suas novelas também são lembradas. Em um capítulo, Gomes conta que se inspirou em suas primas virgens para criar as beatas de "O Bem-Amado".



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