São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2001

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Série agrada a imortais

DA SUCURSAL DO RIO

Se dependesse dos membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), os chamados imortais, a minissérie "Os Maias" seria um sucesso. De crítica. Consultados pela Folha, acadêmicos elogiaram a produção, baseada no romance do autor português Eça de Queirós, que está com baixos índices de audiência. "Quanto mais fiel ao livro, menos a série adquire o ritmo próprio da TV. É essa lentidão que as pessoas estranham", diz o jornalista Arnaldo Niskier, 65.
Niskier aponta a "dança de horário" como fator para a baixa audiência da minissérie. "Às vezes, ela entra às 22h30, depois começa à 0h. Não há outra explicação, pois o público aprecia novelas de época", diz Niskier, ressaltando que gostaria que o som de "Os Maias" fosse melhor. "Nem todos atores têm a dicção do Walmor Chagas."
Para o poeta Carlos Nejar, 62, há "uma dificuldade cultural" de seguir uma série baseada numa obra literária. "Quando vem algo mais difícil, isso obriga o povo a pensar, o que estimula a leitura. "Os Maias", que já era uma obra-prima, agora é um best seller."
Para Antonio Olinto, 81, a minissérie poderia ser ainda mais lenta. "Mas o espectador não iria aguentar. O mundo de Eça está ali. O problema é que a televisão está viciada com histórias feitas para a TV, nas quais o autor sabe que deve haver uma briga a cada dois minutos." (CRISTIAN KLEIN)

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