São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


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CIDADE MARAVILHOSA
Emissora estréia amanhã "Laços de Família", nova trama das oito, que usa cenários bem cariocas e temas tirados de notícias de jornais
Globo lança seu "Pequeno Dicionário Amoroso"

Divulgação
Deborah Secco, que será a vilã Íris, ao lado de José Mayer, que interpretará Pedro


ALEXANDRE MARON
DA SUCURSAL DO RIO

EM contraste com a ação vertiginosa de "Uga Uga" e o romantismo e mistério de "Esplendor", "Laços de Família", a nova novela das oito, que estréia amanhã, na Globo, promete, segundo seu autor, Manoel Carlos, falar de pessoas comuns vivendo dramas que estão estampados nos jornais.
Os temas e cenários remetem a filmes como "Pequeno Dicionário Amoroso", que mostrava a teia de relações de casais em cartões-portais do Rio.
O primeiro sintoma da temática escolhida pelo autor é que na trama quase todos são bonzinhos. O solitário papel de vilã, que em "Por Amor", do mesmo autor, foi reservado à Branca da veterana Suzana Vieira, estará dessa vez com Deborah Secco, como a jovem, mimada e manipuladora Íris.
No meio das pessoas comuns, estão alguns novos rostos masculinos, prontos para tirar de Thiago Lacerda o papel de galã do momento. O primeiro deles é o modelo Paulo Zulu, que estréia como ator de novelas. "Não sou ator e tenho muito o que aprender. Mas o personagem é parecido comigo, ajuda. Gosto de passar uma imagem positiva", diz Zulu.
A segunda novidade é Reynaldo Gianecchini, o marido da apresentadora Marília Gabriela. Ele será o médico Edu, que conquistará Camila (Carolina Dieckman) e a mãe, ninguém menos que a estrela Vera Fischer, que protagoniza a novela no papel de Helena, nome recorrente nas obras de Manoel Carlos.
"Vim do teatro, não sei nada de TV. A Marília sempre me incentivou a expandir meu trabalho", diz Gianecchini.
Vera volta às novelas depois de viver problemas mundanos que poderiam estar nos capítulos de "Laços". Ela foi retirada de "Pátria Minha", de Gilberto Braga, às pressas, em meio a problemas emocionais ligados ao fim do seu relacionamento com o ator Felipe Camargo.
Desde então, Vera fez uma participação especial em "Rei do Gado" e entrou na metade de "Pecado Capital". Durante esse tempo enfrentou dramas bem reais, como a luta contra as drogas e a perda da guarda do filho em uma disputa judicial com o ex-marido.
Agora, a atriz está mais magra -fez uma lipoaspiração e colocou próteses de silicone nos seios-, mais bronzeada, solteira e com a expectativa de reconquistar a guarda do filho. Ela faz questão de dizer que nunca esteve tão feliz.
"Meus filhos estão ótimos, estou bem e ganhei um papel em uma novela das oito especialmente escrito para mim. Estou em uma fase ótima", diz.
A única coisa que a irrita são as constantes especulações de que ela teria se envolvido com Gianecchini durante a viagem que parte do elenco fez ao Japão para gravar algumas cenas.
"Isso é uma falta de respeito comigo e com o casal. Só porque estou solteira, não fico roubando homem das outras. Quero um lindo só para mim", desabafa.
O ator Flávio Silvino é outra pessoa que viveu um intenso drama pessoal e está voltando às novelas. Ele sofreu um acidente automobilístico e ainda apresenta sequelas de danos neurológicos.
Manoel Carlos prometeu criar um personagem para ele e agora cumpre a promessa. Na história, Silvino é Paulo, o filho de Miguel (Tony Ramos). Ele sobreviveu ao acidente automobilístico que matou a mãe e luta contra as sequelas.
O uso de tantos atores com histórias semelhantes às vividas por seus personagens tem, segundo o diretor-geral da novela, Ricardo Waddington, uma justificativa.
"Nas novelas do Maneco, não é bom usar atores que façam composição. Por melhor que seja o ator, pode soar artificial. Quando eles usam suas próprias vivências, se expõem mais", analisa.
Mas uma atriz foi obrigada a fazer alguma composição. Giovanna Antonelli será a garota de programa Capitu e fez laboratório para conhecer o universo de sua personagem. Voltou surpresa.
"Elas são muito parecidas com as moças da idade delas, apenas tem uma forma diferente de ganhar dinheiro. Usam as mesmas gírias que uma pessoa normal. Não são vulgares", revela.

Cenário carioca
Para dar a sua trama o ar de cotidiano que promete, Manoel Carlos situou os acontecimentos no Leblon, tradicional bairro da zona sul do Rio. É ali que Helena conhece Edu e Miguel (Tony Ramos).
"Minhas histórias precisam acontecer em um cenário limitado, mesmo que eventualmente os personagens viajem ao Japão ou à Inglaterra", diz o autor.
Assim, Helena se apaixona por Edu e desperta o interesse do discreto viúvo Miguel. Mas abre mão do relacionamento com o rapaz porque sua filha, Camila, também se apaixona por ele.
O grande drama da novela acontece quando Camila descobre estar com leucemia. Ela precisa de um doador de medula óssea para tornar possível o tratamento médico.
Nesse momento, Helena decide ter outro filho, mas Pedro, o pai de Camila, nunca soube da existência da filha. Ela é obrigada a contar-lhe toda a verdade.
Tudo acontece em meio a cenários como o calçadão da praia do Leblon, os engarrafamentos onde personagens se encontram e até uma livraria muito conhecida no bairro, a Argumento, a base para a loja de Miguel, que se chamará livraria Dom Casmurro.
"Costumo dizer que "Felicidade" era uma novela sobre o Rio, "Por Amor" era sobre o Leblon e "Laços de Família" é sobre a rua do Manoel", conclui Ricardo Waddington.


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