FÁTIMA GIGLIOTTI
DA REDAÇÃO

EM 1996, "O Preço de uma Escolha", produção realizada para a TV pela HBO, deu a Demi Moore ("Assédio Sexual") a indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz, e a Cher ("Feitiço da Lua"), de melhor atriz coadjuvante, ambas na categoria telefilme dramático.
O projeto, que teve co-produção de Moore e marcou a estréia na direção de Cher, tinha como tema o aborto, desenvolvido em três episódios que aconteciam em 1952, 1974 e 1996. A fórmula se repete em "Desejo Proibido". Mas sai Demi Moore na co-produção, entra Ellen DeGeneres ("Ed TV"). Na direção do terceiro episódio, sai Cher e estréia Anne Heche ("Seis Dias, Seis Noites"). O tema é o homossexualismo feminino. Nada por acaso. DeGeneres interpretou o papel-título do seriado de TV "Ellen" (1994-1998), que deu o que falar -e logo depois foi cancelado- quando a personagem "saiu do armário". E a atriz Anne Heche é a namorada de DeGeneres. Com tudo isso, "Desejo Proibido" é inferior a "O Preço de uma Escolha", exceção feita ao primeiro episódio, "1961", protagonizado por Vanessa Redgrave ("Missão Impossível") como uma sexagenária que perde a companheira com quem vivia desde a juventude. Triste, sensível e verossímil. O mesmo não se pode dizer dos episódios seguintes. Em "1972", dirigido por Martha Coolidge ("Os Três Desejos"), é a vez de Michelle Williams ("Dawson's Creek") e Chloë Sevigny ("Meninos Não Choram") terem, e como, um tórrido caso. Na sequência, "2000", que causou "frisson" pelas cenas de transa entre Sharon Stone e DeGeneres, dirigidas por Heche. Diz a lenda que as filmagens na cama duraram dois dias e deixaram Stone pouco à vontade. Trabalho perdido, já que o episódio -que narra a procura do casal pelo sêmen ideal para engravidar Stone- é o que menos avança no despojamento de preconceitos e papéis sociais. Stone dá um tom ligeiramente histérico à sua interpretação, como marca do feminino, em contraposição à contenção de DeGeneres. Por isso, ninguém se pergunta por que é Stone, no casal, a eleita para engravidar. E por que é DeGeneres que lamenta não poder fecundá-la. Heche, também roteirista, não foge do lugar comum. E assina o pior dos três episódios, apesar da badalação.

DESEJO PROIBIDO
Top Tape
  
(If These Walls Could Talk 2, EUA, 2000).
Direção: Jane Anderson, Martha Coolidge, Anne Heche.
Com Vanessa Redgrave, Michelle Williams, Chloë Sevigny, Sharon Stone, Ellen DeGeneres. 96 minutos. Drama.