São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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ENTREVISTA/ BÁRBARA PAZ

"Insolação curada a banho frio"

"Lá dentro é um mundo diferente. Acho que conheci o verdadeiro Eduardo [Supla]. E, se rola amor, aqui fora continua. Mas se for só tesão, acaba." Depois de seu famoso caso com Supla na "Casa dos Artistas", Bárbara Paz, 27, surpreendeu - inclusive a si mesma: não morreu de amor, não posou nua, não peregrinou por programas de entrevistas. Preferiu casar-se com o trabalho. Protagonista da novela "Marisol", do SBT, que lhe toma 14 horas por dia, ela tem uma definição para seu romance passageiro: "Foi uma insolação de 40 graus curada à base de banho frio".

FERNANDA DANNEMANN
FREE LANCE PARA A FOLHA

Como você vê a fama imediata que os "reality shows" têm concedido a alguns?
Por um lado é muito bom, mas, por outro, sei que é uma fase e que aconteceu em todos os países onde estes programas foram veiculados. Mas as pessoas que estão aparecendo agora têm de se cuidar e saber para que vieram ao mundo. Muita gente busca a fama na vida por nada. Já para outras pessoas, a fama é uma consequência importante: sou uma atriz e preciso dela, porque uma atriz no Brasil pode fazer 20 anos de teatro, mas terá uma vida difícil caso não faça TV.
Como ficou seu romance com o Supla?
Digo que foi uma insolação de 40 graus curada à base de banho frio. Nunca tivemos um diálogo depois que saímos da "Casa". Até hoje não assisti às fitas, porque, pra mim, foi tudo muito verdadeiro e intenso. Mas cada um tem seu jeito de receber o que a vida dá. Estávamos muito expostos, e eu sou mesmo transparente: se amo, amo! Mas ele, eu não sei. Olha, eu também fiquei na minha, e a vida se encarregou de resolver a situação. Nós dois estamos num momento essencial, fazendo coisas que sempre desejamos. Mas eu não consigo viver sem dividir. Sem amor a vida não tem sentido. E, se houver amor, está guardado em algum canto.
Ele disse que não conheceu você o suficiente na "Casa".
Isso é muito louco! Ele me conheceu demais, não só ele como todos! Eu estava nua lá dentro. Levo um susto quando ouço uma coisa dessas! Às vezes a gente se engana...
Você acha que o romance da Cynthia com o André Gonçalves vai durar?
Não tô assistindo a nada da "Casa 2". Mas acho que, se for verdadeiro, vai durar. Lá dentro é um mundo muito diferente, lá você conhece a pessoa verdadeiramente. Acho que conheci o verdadeiro Eduardo [Supla]. E, se rola amor, aqui fora continua. Mas se for só tesão, acaba.
Ganhar dinheiro rápido deslumbra?
Nunca pensei em ficar rica; só desejo viver bem e ajudar quem estiver à minha volta. Claro que minhas contas triplicaram: hoje moro melhor, tenho um carro novo, assessora de imprensa. Guardei os R$ 300 mil para comprar minha casa e não esbanjo porque se gastar esses, acabou! Hoje posso comprar o que quero, posso dar um bom presente. Tem gente que acha que estou rica. Olha, é muito triste achar que R$ 300 mil tornam uma pessoa milionária. Antes da "Casa", eu estava com o aluguel atrasado, mas sabia que ia conseguir o dinheiro.
A história de vida da Marisol foi adaptada para se parecer com a sua?
Não, inclusive a Televisa nem permitiria, porque a novela foi um sucesso no exterior e tem que ser igualzinha. É engraçado, eu chego em casa e penso "pô, o que fiz hoje já passei na minha vida': a perda da mãe, a cicatriz, a rejeição pela pobreza... já senti tudo isso na pele. Claro que o mexicano não tem meio-termo, ou o personagem é muito feliz ou sofre muito, a vida real não é tão radical.
Chega a ser engraçado se ver num papel tão parecido com você mesma, mas inserido num contexto diferente?
É engraçado me ver, e é a primeira vez que me vejo em ação. E isso aumenta a auto-crítica. Estou gostando. Sei que o texto mexicano tem problemas: é muito direto, tem muito choro! Sou dos extremos, vocês me conhecem. Minha filosofia de vida é não ter meio-termo: sou mexicana mesmo.
Você já tinha feito testes para novelas antes de "Marisol"?
Na Globo, fiz para o papel da Mariana Ximenes em "Andando nas Nuvens", e aqui no SBT, para a "Pícara Sonhadora" e "Amor e Ódio". Fiz poucos testes para novela, mas geralmente a luz não é boa. Não sei se isso me atrapalhou... acho que se não peguei nenhum personagem é porque não era pra ser. Rolava um preconceito tipo "ela é boa atriz mas tem aquela cicatriz". A TV tem os biotipos estabelecidos, precisa do estereótipo, por isso achava que nunca faria novela.
Mas você está fazendo...
Pois é, são neuras de Bárbara. Por dois anos fiz participações em humorísticos, sem precisar de teste. Hoje admiro muito os atores de TV porque sei o quanto é difícil estar pronto na hora de gravar.
Por que é que a Marisol não usa sutiã? Isso não combina com novela mexicana.
Ela usa, sim. (Risos.) É que eu sou uma mulher de peito! Sabe, já discuti isso com o diretor. Ele diz: "Assim não dá!". Mas, com algumas blusas, não tem como usar com sutiã...
A boneca "Bárbara", à venda em algumas lojas, loura e com roupas como as que você usa, já faz parte de uma linha sua?
Que boneca? Onde vende? Olha, é bom saber disso. Essa boneca não poderia existir, porque eu tenho os direitos sobre o meu nome. Tô trancada no estúdio e não sei nada do que tá rolando.



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