São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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LITERATURA NA TV
Cultura exibe contos de Lispector


Emissora estréia em setembro série de médias-metragens dirigida por Roberto Talma


RUI DANTAS
da Reportagem Local

A obra de Clarice Lispector vai voltar às telas de TV e de cinema. O diretor Roberto Talma comprou os direitos para adaptar 14 contos da escritora brasileira de origem ucraniana.
A produtora 17 TV e Cinema, da qual Talma é dono, já realizou quatro adaptações, sempre em película Super 16 (16 mm), com duração em torno de 25 minutos cada um.
A Cultura deve exibi-los a partir de setembro, ainda sem data definida.
Os primeiros quatro contos adaptados são: "A Solução", "Por Causa de um Bule de Bico Rachado", "Mas Vai Chover" e "História Interrompida".
Em "Por Causa de um Bule de Bico Rachado", um casal, aparentemente feliz, passa a conviver às turras depois que o marido descobre que a mulher sempre lhe serviu café em um bule como o do título.
Os protagonistas são Giuseppe Oristanio e Sofia Papo. Em "Mas Vai Chover", a atriz Ester Góes interpreta uma viúva milionária que seduz o entregador da farmácia.
"A Solução" conta os desentendimentos de duas amigas em uma repartição pública, e "História Interrompida" retrata o amor de uma adolescente por um homem maduro.
O primeiro contará com a participação da cantora Cida Moreira e da atriz Vera Zimmermann. O segundo, com Fernando Eiras e Cláudia Abreu.
Para desenvolver todo o projeto, Talma ainda está captando recursos junto a empresas privadas, por meio de leis de incentivos e apoio à cultura.
Roberto Talma é diretor de TV e teatro há 30 anos. Dirigiu várias novelas para a Globo e o SBT, além de ter também dirigido o "Globo Repórter" e "Jornal Nacional". Atualmente, é responsável pelo "Domingão do Faustão".
Em dois contos, o diretor revela que investiu cerca de R$ 350 mil.
A Cultura vai exibir as adaptações sempre em horário nobre, em especiais com dois contos por dia, uma vez por mês.
Embora já esteja firmado o acordo com a emissora, Talma ainda pensa na possibilidade de vender os contos a canais pagos.
"Se não vender os filmes, não terei como continuar a produzi-los."
Outra possibilidade é comercializar os filmes no mercado externo. "Lá fora as pessoas conhecem muito mais a Clarice Lipector do que aqui", diz Talma.
O diretor prova sua tese com um exemplo. Talma diz que seu parceiro na direção dos filmes, José Antônio Garcia, foi pedir patrocínio a uma agência de publicidade não revelada.
Ao chegar à empresa, Garcia mostrou o projeto a um diretor de marketing, que foi levá-lo ao presidente para apreciação.
"O sujeito disse ao presidente que o José Antônio tinha escrito um roteiro que seria dirigido pela Clarice Lispector. Acabou demitido", lembra.
Escritora reconhecida internacionalmente, Clarice morreu nos anos 70.



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