São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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MERCADO
Crise na Ásia atinge TVs pagas


Desaquecimento econômico fez com que 10% de assinantes cancelassem seus contratos


RUI DANTAS
da Reportagem Local

Em decorrência da crise asiática, o setor de TV por assinatura perdeu cerca de 10% de sua base de clientes, entre agosto do ano passado e maio deste ano.
As informações foram reveladas à Folha pelo presidente do conselho deliberativo da ABTA (Associação Brasileira de TVs por Assinatura), Moysés Pluciennik, 48.
De acordo com os dados fornecidos pelo executivo, a base dos clientes de todas as operadoras de TVs pagas, hoje, deve contar com cerca de 2,3 milhões de assinantes.
Pluciennik diz que em agosto de 97 o setor viveu seu melhor momento. "Mas, com o enxugamento do dinheiro na economia do país, houve uma perda de 10% de assinantes, entre limpeza de base e desistências", afirma.
Limpeza de base é a desconexão de assinantes inadimplentes. Pluciennik associou a perda à crise econômica no país, provocada depois que as bolsas asiáticas despencaram, em 97.
Essa foi a primeira grande crise que as TVs por assinatura enfrentaram desde o surgimento em 1990. O setor cresceu cerca de 1.000% entre 1993 e 1997 (de 250 mil assinantes para 2,5 milhões).
A taxa média de crescimento, conforme dados da ABTA, foi 65% ao ano, entre 93 e 97. Somente a partir de 97 a curva se tornou descendente.
Outra dificuldade das operadoras de TVs pagas é a alta rotatividade na base de clientes que o setor vem enfrentando.
No primeiro trimestre de 98, por exemplo, a Multicanal desconectou 11% de seu número de assinantes, recuperando 4,5% da base.
Em março deste ano, o sistema operava com cerca de 570 mil clientes, contra 610.700 de dezembro de 97, segundo dados da PTS, empresa de pesquisa especializada no setor.
Para ser "compensar" os investimentos de conexão, o cliente deve permanecer durante pelo menos 11 meses, o que não vem ocorrendo.
Como consequência direta da redução de assinantes, aponta a direção da ABTA, as operadoras de TVs pagas deixaram de cooptar a classe C. A ABTA acreditava que em pouco tempo poderia popularizar sua base de assinantes, mas isso não ocorreu.
"A partir de maio de 98, no entanto, a situação do setor viveu uma melhora", revela Pluciennik.
O presidente do conselho não disponibilizou os dados do crescimento.
Com um alto número de televisores -cerca de 90% dos lares brasileiros têm TV- o Brasil é o sexto maior mercado de aparelhos do mundo.
É, igualmente, considerado o maior mercado inexplorado de TV por assinatura do Ocidente.
A ABTA afirma que o setor já investiu US$ 2,3 bilhões até 97, empregando 12 mil pessoas diretamente no país.
Numa perspectiva otimista, as TVs pagas esperam contar com 15 milhões de assinantes, até 2005.



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