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VEJA ESTA CANÇÃO
Bowie flutua não mais no espaço, mas na cozinha
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DAVID Bowie passa quase
todo o tempo de seu novo
videoclipe, "Survive", levitando. Gravidade zero
-até o ovo cozido escapa da panela, num começo digno de suas fases
mais cafonas, tipo "Labirynth"
(86)-, o clipe da "sobrevivência"
confirma a vontade atual do astro
britânico, de se comunicar com
pontos fundamentais de sua carreira, hoje dispersos no passado.
Se no disco do qual sai "Survive"
("Hours...", lançado no ano passado) ele remói os bowies de "Heroes"
(77) e de "Aladdin Sane" (74), no
clipe de "Survive" ele volta mais
longe, de novo ao astronauta Major
Tom de "Space Oddity" (69).
É a velha e boa obsessão de Bowie
por "2001, uma Odisséia no Espaço"
(68), dos balés de naves e homens
em gravidade zero, ao som do "Danúbio Azul".
Mas o astronauta Bowie hoje flutua na cozinha, agarrado ao forno, e
não mais no espaço sideral. E o
olhar duplo, cada olho de uma cor,
emoldurado por cabelos agora britpop, é vazio, perdido em lugar nenhum. Os vincos no pescoço ganham close, enquanto corpo e olhar
flutuam no nada.
E ele está falando de sobrevivência, sem querer (ou ter como) evitar
a decadência, sem querer (ou saber)
evitar a dignidade na decadência.
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