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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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POLÊMICA

Médicos condenam quadro do "Caldeirão do Huck" que não deixa dormir; apresentador diz que não vê problema

R$ 40 mil ou uma soneca

João Miguel Jr./TV Globo
Luciano Huck e participantes do quadro, que estréia sábado


CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

NOVA atração do "Caldeirão do Huck", da Globo, o jogo "Guerra do Sono" vai mostrar o esforço de 40 pessoas para se manterem acordadas a fim de embolsar o prêmio de R$ 40 mil. O jogo vai ao ar a partir do próximo sábado. Ganha quem ficar acordado por mais tempo. Nos EUA, um jovem ganhou após ficar mais de 48 horas acordado.

O apresentador Luciano Huck diz que o quadro será um dos trunfos do programa. "A gente gravou o primeiro jogo nesse fim de semana [passado" e ficou muito engraçado, divertido", afirma.
Nas primeiras 24 horas, os jogadores podem relaxar, mas quem cochilar leva um pequeno eletrochoque, através da "pulseira anticochilo". "É uma cosquinha [sic", não é maldade. O cara fica louco! Sai pulando. É muito engraçado."
Depois de 24 horas, quem pregar o olho está fora. Nessa fase, os participantes, já esgotados fisicamente, serão submetidos a provas físicas e de rapidez de reflexo e raciocínio.
Especialistas dizem que a competição faz mal à saúde. "O cansaço mental é um mau-trato. A falta do sono altera todo o ritmo do organismo. Aliada ao esforço físico, pode levar à ansiedade, agressividade, depressão", afirma o neurologista Deusci Alves Silva.
Seu colega Salim Michel Yaseji diz que os participantes são passíveis de distúrbio comportamental. "Esse jogo não é interessante. A pessoa pode ter esgotamento físico e mental. Quando quiser dormir, há risco de insônia."
O médico diz que pessoas portadoras de epilepsia não devem participar. "A falta de sono pode desencadear um ataque epiléptico. É preciso que se faça eletroencefalograma antes. Muita gente sofre de epilepsia e nem sabe." A emissora não divulgou a quais exames os participantes foram submetidos.
Segundo Huck, há um médico de plantão. "Não há problema físico em virar noite. Os sistemas ficam debilitados, os reflexos menos aguçados, a visão menos precisa. Mas não há perigo. Senti neles só um pouco de mau humor."
A psicóloga Tereza Nobrega acredita que o "game" do "Caldeirão" vai chamar a atenção do público. "O ser humano, para se sentir um pouco melhor, tem que ver alguém pior. Quadros como esse são degradantes, apelativos."
Huck não concorda. "Não é nada degradante. Se fosse, a Globo não colocaria no ar, e eu não faria."
Segundo ele, a atração será bem-humorada: "Senão, parece que a gente está maltratando; eles estão ali porque querem. Não é pela audiência. É pelo jogo".


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