São Paulo, Domingo, 06 de Junho de 1999
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MUNDO COR-DE-ROSA
TV Comunitária tem programa para comunidade homossexual; novela causa polêmica
Gays ganham espaço na TV

da Reportagem Local

Uálber e Edilberto na novela das oito. Teletubbies pela manhã. Vera Verão na "Praça é Nossa". E "Will & Grace" na TV paga. Ícones gays aparecem cada vez mais na programação das emissoras.
Para engrossar o coro, a TV Freguesia dedicou dez minutos de seu programa semanal para o programa "Blue Space TV", exibido no Canal Comunitário (canal 14 da Net).
Segundo Robson Cerqueira, 42, produtor do TV Freguesia, o objetivo é criar um espaço para denúncias, críticas e festas da comunidade. "O programa tem shows de humor que acontecem na casa noturna de São Paulo que dá nome ao programa."
O próximo grande evento do programa será a cobertura da parada gay que acontecerá na avenida Paulista (São Paulo), no próximo dia 27. O programa é exibido sempre aos sábados, às 23h30. "Hoje temos dez minutos, mas o "Blue Space TV" pode passar para 25 minutos."

Mais gays
Apesar de educativa, a série inglesa "Teletubbies", direcionada a crianças de 2 a 5 anos, causa polêmica. No Brasil, ninguém levantou bandeira contra o personagem Tinky Winky, mas em vários países alguns pais acusam o teletubbie roxo de ser gay e servir de má influência às crianças.
Jerry Falwell, um reverendo televisivo dos EUA, criticou o personagem estar em um programa infantil e o acusou de ser um símbolo gay.
Tinky Winky é roxo, tem uma antena triangular na cabeça e ainda usa uma bolsa cor-de-rosa. A cor roxa e o triângulo são símbolos da militância gay.
Apesar da controvérsia, o sucesso dos bonequinhos naquele país não é abalado. A rede de lanchonetes Burger King acaba de lançar o Tubby Custard, um mingau que eles comem no desenho.

Polêmica
Mas o crescimento do movimento gay na TV não tem, necessariamente, agradado entidades representantes brasileiras. Luiz Mott, 53, presidente do Grupo Gay da Bahia, entidade que existe há 19 anos, acha que os gays na TV são muito estereotipados.
"A dupla Uálber e Edilberto, de "Suave Veneno", reforça o estereótipo do gay palhaço, além de colocar Edilberto como um "saco de pancadas".
O autor de "Suave Veneno", Aguinaldo Silva, rebate as críticas: "Não conheço ninguém que desaprove os personagens".
"Quanto o ativismo diz coisas como essa é que o preconceito aparece. O Uálber é assim porque é igual a mim. Se é ridículo, eu também sou", declara.
(ALINE SORDILI)




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