São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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SOB FOGO CRUZADO

Para o jornalista da Record, risco de o evento degringolar foi grande

Casoy diz que o debate teve alto teor explosivo

MARCELO MIGLIACCIO
EDITOR DO TV FOLHA

O JORNALISTA Boris Casoy não era marinheiro de primeira viagem em debates de candidatos à Presidência -já havia mediado um embate decisivo entre Lula da Silva e Fernando Collor na eleição de 1989-, mas diz que o encontro entre presidenciáveis da última segunda-feira, transmitido pela Rede Record, foi, no mínimo, tão tenso quanto aquele. "O risco de a coisa degringolar para algo indesejado foi maior. Os candidatos estavam muito próximos fisicamente, as provocações foram mais fortes, havia maior teor explosivo", afirma.
A Casoy, 61, coube o ônus de decidir, no ar, o que era e o que não era ofensa, e arbitrar se determinado candidato teria ou não direito de resposta. "Os assessores não conseguiram chegar a um consenso e me delegaram a decisão, que tinha uma margem subjetiva. Fiquei tenso, não tinha tempo para pensar e precisava decidir rapidamente, jogaram a bomba no meu colo", diz o jornalista.
Sobre quem teria se saído melhor no encontro, Casoy afirma não ter opinião formada: "Eu teria de assistir à fita. Na hora, estava concentrado em outras coisas. Mas acho que [José] Serra e Ciro [Gomes] perderam com aquela briga. Garotinho era franco-atirador, mostrou que tem habilidade e um humor ferino e, em alguns momentos, foi desconcertante. O Lula, a certa altura, me disse: "Nada vai me tirar do sério nesta eleição".
Casoy diz que em nenhum momento temeu perder o controle. "Eu tinha poder para suspender o debate, cortar microfones... dei alguma folga no tempo para que a discussão não ficasse engessada. Eles [os candidatos] catimbaram o tempo todo, mas acho que isso faz parte, é cultural. O presidente da República tem de saber catimbar."
Segundo Casoy, um dos méritos do evento promovido pela Record foi não começar muito tarde da noite. A decisão de não convocar outros jornalistas foi pessoal do apresentador. "Os marqueteiros, que fazem tudo para que seus candidatos não corram riscos, não queriam dar o direito de réplica e tréplica a jornalistas. Então, eu preferi não colocar jornalistas só para enfeitar."
A audiência -dez pontos com pico de 13, sendo que cada ponto representa 47 mil domicílios sintonizados na Grande São Paulo- foi considerada boa pelo apresentador. "E isso não é só mérito da Record, o momento era de grande interesse por causa das pesquisas que davam a aproximação entre Serra e Ciro."



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