São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001

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POLÊMICA

Globo recorre e Ministério da Justiça libera "As Filhas da Mãe" para as 19h

Transexual pode, sem glamour

DA SUCURSAL DO RIO

TRANSEXUAL agora pode. Só não deve ter glamour. A polêmica em torno da próxima novela das sete da Globo, "As Filhas da Mãe", foi contornada, pelo menos por enquanto, depois que a emissora recorreu e conseguiu a liberação da trama para o horário.
O Ministério da Justiça, que havia vetado a exibição da novela para antes das 20h, voltou atrás, após intensa negociação com a Globo.
O centro da polêmica é a personagem Ramona, supostamente uma transexual, que será interpretada por Cláudia Raia.
Segundo a secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, houve queixas contra a novela, vindas, sobretudo, de pessoas evangélicas e católicas.
"A reclamação era para que a novela não incentivasse, não fosse uma propaganda do transexualismo. Que o heroísmo da personagem não estivesse associado ao fato de ela ser transexual, fazendo parte de todo um glamour especial", disse.
Elizabeth Sussekind citou o caso de "Laços de Família", em que a personagem Capitu (Giovanna Antonelli) era uma prostituta doce e simpática.
"Mas aí tudo bem, porque prostituição não é crime. Não posso fazer nada. Mas nesse caso [o de "As Filhas da Mãe"", transexualismo ainda é proibido no país", disse.
Sussekind afirma que leu a sinopse de "As Filhas da Mãe" após o indeferimento do departamento de classificação, subordinado à sua secretaria, e não identificou problemas com o conteúdo da novela.
"Existe transexualismo na sociedade. Isso é um fato social. Com o passar do tempo, pode ser visto de uma maneira mais tranquila. A novela pode até ser positiva e desmistificar. Mas se não for séria, se for uma banalização, abordando de maneira preconceituosa ou como propaganda, o efeito é contrário", disse.
A novela deve estrear dia 27 de agosto.



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