São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001

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RIO AMAZONAS

TV Cultura exibe as primeiras imagens gravadas no local, agora reconhecido oficialmente

Documentário mostra a verdadeira nascente

MARCELO MIGLIACCIO
DA REDAÇÃO

UMA velha polêmica parece ter chegado ao fim com a confirmação, pela National Geographic Society e pelo Smithsonian Institution, de que a nascente do rio Amazonas fica mesmo no monte Nevado Mismi, no extremo sul do Peru. A primeira equipe de TV a chegar ao local, em novembro de 1994, foi brasileira, chefiada pelo casal Paula Saldanha e Roberto Werneck, e as imagens históricas que eles gravaram no local poderão ser vistas no especial "Amazonas, o Maior Rio do Mundo", que vai ao ar amanhã, às 22h, pela Rede Brasil, e quarta, às 19h30, pela TV Cultura.

O programa mostra ainda uma entrevista com o fotógrafo Loren McIntyre, que, em 1971, a serviço da revista "National Geographic", foi o primeiro expedicionário a apontar o Mismi como local da nascente, como, aliás, a população peruana acreditava havia séculos. Apesar disso, em 1999, um grupo de exploradores poloneses afirmou que o Amazonas nascia no monte Nevado do Queiuicha, que fica a um quilômetro do Mismi e mais abaixo.
As duas instituições, National Geographic e Smithsonian, decidiram, então, programar uma nova expedição ao local, reunindo 22 cientistas de cinco países. Foram checadas também medições feitas por satélite, que comprovaram ser ali a nascente do maior rio do mundo, não só em volume de água (60 vezes mais que o Nilo), como em extensão, ao contrário do que cientistas ingleses apregoaram durante décadas por terem sido seus compatriotas os "descobridores" do grande rio africano. O Amazonas tem quase 300 quilômetros a mais.
A viagem da jornalista Paula Saldanha, do biólogo e documentarista Werneck e de mais dois exploradores em 94 foi uma odisséia. "O problema nessa região não são só as distâncias, mas a dificuldade de se transpor as montanhas e de fazer esforço a 5.500 metros de altitude. Apesar de termos feito uma aclimatação de três dias em Chivay, 3.000 metros acima do nível do mar, tivemos taquicardia, tontura, enjôo e falta de ar", conta Paula.
O programa que vai ao ar esta semana tem meia hora de duração, metade de um outro exibido em 1995 pela extinta TV Manchete, logo após a volta dos exploradores. "O mais incrível foi ver que o maior rio do mundo nasce na região mais seca do planeta, entre os desertos de Atacama e Nazca. A neve do cume do Nevado Mismi derrete e se infiltra na rocha, brotando mais abaixo num filete que vai dar origem ao rio", diz Paula, que nos anos 70 ficou conhecida apresentando o informativo infantil "Globinho", na TV Globo.


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