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RIO AMAZONAS
TV Cultura exibe as primeiras imagens gravadas no local, agora reconhecido oficialmente
Documentário mostra a verdadeira nascente
MARCELO MIGLIACCIO
DA REDAÇÃO
UMA velha polêmica parece ter chegado ao fim com a confirmação, pela National Geographic Society e pelo
Smithsonian Institution, de que a nascente do rio Amazonas fica mesmo no
monte Nevado Mismi, no extremo sul do
Peru. A primeira equipe de TV a chegar
ao local, em novembro de 1994, foi brasileira, chefiada pelo casal Paula Saldanha
e Roberto Werneck, e as imagens históricas que eles gravaram no local poderão
ser vistas no especial "Amazonas, o
Maior Rio do Mundo", que vai ao ar
amanhã, às 22h, pela Rede Brasil, e quarta, às 19h30, pela TV Cultura.
O programa mostra ainda uma entrevista com o fotógrafo Loren McIntyre,
que, em 1971, a serviço da revista "National Geographic", foi o primeiro expedicionário a apontar o Mismi como local
da nascente, como, aliás, a população peruana acreditava havia séculos. Apesar
disso, em 1999, um grupo de exploradores poloneses afirmou que o Amazonas
nascia no monte Nevado do Queiuicha,
que fica a um quilômetro do Mismi e
mais abaixo.
As duas instituições, National Geographic e Smithsonian, decidiram, então,
programar uma nova expedição ao local,
reunindo 22 cientistas de cinco países.
Foram checadas também medições feitas por satélite, que comprovaram ser ali
a nascente do maior rio do mundo, não
só em volume de água (60 vezes mais que
o Nilo), como em extensão, ao contrário
do que cientistas ingleses apregoaram
durante décadas por terem sido seus
compatriotas os "descobridores" do
grande rio africano. O Amazonas tem
quase 300 quilômetros a mais.
A viagem da jornalista Paula Saldanha,
do biólogo e documentarista Werneck e
de mais dois exploradores em 94 foi uma
odisséia. "O problema nessa região não
são só as distâncias, mas a dificuldade de
se transpor as montanhas e de fazer esforço a 5.500 metros de altitude. Apesar
de termos feito uma aclimatação de três
dias em Chivay, 3.000 metros acima do
nível do mar, tivemos taquicardia, tontura, enjôo e falta de ar", conta Paula.
O programa que vai ao ar esta semana
tem meia hora de duração, metade de
um outro exibido em 1995 pela extinta
TV Manchete, logo após a volta dos exploradores. "O mais incrível foi ver que o
maior rio do mundo nasce na região
mais seca do planeta, entre os desertos de
Atacama e Nazca. A neve do cume do
Nevado Mismi derrete e se infiltra na rocha, brotando mais abaixo num filete
que vai dar origem ao rio", diz Paula, que
nos anos 70 ficou conhecida apresentando o informativo infantil "Globinho", na
TV Globo.
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