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FORA DO PONTO
Para "se adaptar", apresentadora será supervisionada por Rick Medeiros, homem de confiança de Silvio Santos
Após briga com diretor, Babi é lapidada pelo SBT
DA REPORTAGEM LOCAL
DEPOIS de ter declarado estar descontente com o formato de seu programa -formato, aliás, instituído por
Silvio Santos-, de ter se desentendido
com seu ex-diretor, Vildomar Batista, de
ter se comparado a Hebe e de ver sua
atração perder pontos no Ibope, a apresentadora Anna Bárbara Xavier, a Babi,
que está no comando do "Programa Livre", do SBT, há oito meses, está sendo
"lapidada" pela direção da emissora para
se "adaptar" às exigências do SBT.
O "Programa Livre", que desde os desentendimentos de Babi com Batista, há
cerca de um mês, ficou sem direção, está
agora com um novo diretor, Ângelo Ribeiro, mas ficará sob
a supervisão direta de Rick Medeiros, consultor de programação de Silvio Santos e seu homem de confiança. "Medeiros está tentando lapidar a Babi, para que ela possa se encaixar no formato do programa da melhor maneira possível",
afirma Ribeiro.
Para Babi, a presença do consultor faz parte do processo
de "renovação" de seu programa. "Estamos experimentando novos formatos no programa. Há, por exemplo, entrevistas que rendem mais, merecem um tempo maior para
elas, e quero que sejam mais longas", diz.
Essa não é a opinião de Eduardo Lafon, superintendente
artístico do SBT. Segundo ele, o formato do programa continuará o mesmo. "Se a Babi quisesse mudar isso, ela teria
que brigar com o Silvio Santos. E a função do Rick Medeiros, uma pessoa da extrema confiança do Silvio, é fazer com
que as suas determinações sejam cumpridas. Os desentendimentos entre ela e o diretor fizeram o programa perder
qualidade e o ibope cair. Isso é natural, mas não podia ficar
assim", diz. Entre as instruções do dono da emissora, está a
de que as entrevistas com convidados, principal atrativo do
"Programa Livre", jamais ultrapassem oito minutos de duração -um dos motivos do desentendimento entre Babi e
Vildomar Batista.
A Folha apurou que, no início de agosto, durante uma entrevista com a cantora Baby do Brasil, que já se alongava
por 16 minutos, Babi, após ser avisada diversas vezes pelo
ponto eletrônico -aparelho que é colocado no ouvido dos
apresentadores- de que deveria deixar a platéia fazer perguntas, virou-se para a câmera, visivelmente nervosa, e disse: "Todo mundo sabe que essa entrevista rendia um programa todo. Eu vou passar para a platéia, sim, por respeito a
eles, que estão superinteressados, mas eu podia terminar
essa entrevista aqui. Gostaria que as próximas entrevistas
fossem mais bem colocadas. Ou a gente faz um programa
inteiro desse tipo, ou a gente não faz mais." Dito isso, tirou
o ponto eletrônico, jogou para um assistente da produção e
saiu do estúdio.
"O diretor não parava de gritar no
ponto, e eu não conseguia me concentrar na entrevista. Ele poderia ter cortado a entrevista na edição, já que o programa não é ao vivo. Eu não tenho que
administrar esse tipo de problema", afirmou Babi.
Segundo Vildomar Batista, os atritos
com a apresentadora já vinham prejudicando o programa havia algum tempo.
"Fica difícil editar uma entrevista assim,
é difícil cortar. Nos últimos tempos, Babi
já não estava mais seguindo as instruções do ponto eletrônico -as entrevistas começaram a ficar ruins, a audiência
começou a cair", diz.
"Liguei para o Lafon e contei tudo. Ele
falou: "Da próxima vez que ela se recusar
a usar o ponto, você cancela a gravação e
manda um relatório para o Silvio Santos". Foi o que eu fiz. Já estava pedindo
para sair do programa havia três meses.
Babi chegou a me dizer, aos gritos, que
eu tinha inveja dela, porque ela ganhava
mais que eu. E, quando ela começou no
SBT, ligava em casa, pedia conselho para
tudo. Depois, passou a dizer que não
confiava em mim e pediu para ter mais
participação nas pautas. Só que 90% das
pautas que ela sugeria faziam a audiência do programa cair", diz o diretor.
A gota d'água para seu afastamento
ocorreu na gravação seguinte. Na hora
de gravar, com a platéia já no estúdio,
Babi recusou-se a colocar o ponto eletrônico no ouvido. "Hoje vou fazer sem ponto.
Funcionou muito bem no programa da Baby do
Brasil. A gente tem uma equipe excelente, não
preciso do ponto. A Hebe não usa e funciona
muito bem. Eu tenho sete meses de programa,
sei o que estou falando", disse a apresentadora.
O diretor ainda insistiu. "Babi, estou te dando
um conselho, vamos gravar com ponto." "Conselho não se dá, se vende", respondeu ela. Terminava aí o impasse. "Por indisciplina da apresentadora, a gravação está cancelada", determinou Batista, que dispensou os convidados para
as entrevistas. "Ok, honey", respondeu ela.
"Comparar a Babi com a Hebe, com o Gugu,
com o Ratinho é difícil, é uma diferença muito
grande. Não há possibilidade de ela fazer o programa sem ponto", disse Lafon. "Essa crise acabou, o programa tem que ir para a frente."
(CLÁUDIA CROITOR)
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