São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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Canal Brasil só apresenta as produções brasileiras

da Reportagem Local

Seguindo a tendência de exibir mais produções nacionais nas TVs pagas, a Globosat estréia na próxima sexta, dia 18, às 20h, o Canal Brasil. O lançamento será distribuído pela Net/Multicanal/Sky no pacote Advanced 98.
O investimento é de R$ 4 milhões nos primeiros dois anos. A estréia seria em abril e foi adiada, por problemas com a conservação dos filmes (leia texto abaixo).
O canal será lançado em Portugal simultaneamente. Lá, a TV Cabo Portugal já exibe outros canais da Globosat, como o GNT e o Telecine.
O Canal Brasil surge como uma oportunidade criada pela lei das TVs por assinatura, que exige a existência de um canal com 12 horas diárias de produção audiovisual nacional independente. A Globosat definiu o canal como não exclusivo.
Para tornar viabilizar a idéia, os cineastas e produtores brasileiros Luiz Carlos Barreto, Roberto Farias, Anibal Massaini Neto, Marcos Altberg e Zelito Vianna criaram o Grupo Canal Brazil. Esse grupo formou sociedade igualitária com a Globosat para criar o canal.
Os cineastas controlam cerca de 200 filmes dos 400 do acervo inicial. O resto foi adquirido junto a produtores independentes e inclui aproximadamente 60 curtas-metragens e 70 clipes musicais.
"Temos de acreditar que o brasileiro quer se ver, e não só prestigiar filmes estrangeiros, ou não há muito o que se fazer nesse negócio. O produto será tão bom ou ruim quanto for o cinema nacional. É uma aposta", diz Pecegueiro.
O canal pode ser uma aposta e uma oportunidade. Mas nasce também com o objetivo de ajudar a desenvolver a indústria cinematográfica do país. É o que acredita Wilson Cunha, diretor do Canal Brasil e do Multishow.
Cunha foi cineclubista na década de 60, no Rio de Janeiro, fazendo parte da geração Paissandú, conhecida por fazer exibições de filmes "difíceis" para a época.
Trabalhou no "Jornal do Brasil", na revista "Manchete" e, depois, na Rede Manchete. Tornou-se o responsável pela escolha dos filmes exibidos pela emissora.
Lá, criou o programa "Cinemania" que o tornou conhecido do grande público. Depois, gerenciou o canal Telecine e o Multishow.
"Sempre fui muito ligado ao cinema brasileiro e estava no lugar certo, na hora certa. Acabei sendo convidado para dirigir o Canal Brasil", conta.
Cunha foi em busca de raridades e conseguiu com Anibal Massaini, por exemplo, um making of de "Independência ou Morte". O filme é uma produção brasileira de época, protagonizada por Tarcísio Meira, que conta a história da independência do país.
Além do incentivar a indústria, o Canal Brasil trará um pouco da história cinematográfica do país. Na sessão "Retratos Brasileiros" o assinante poderá ver perfis de cineastas importantes para o Brasil.
Outra proposta é a de uma programação leve. "É só olhar para o Multishow. Ele traduz uma forma alegre de encarar a vida que eu tenho. O Brasil será assim também", afirma.
O canal entra no ar com um debate gravado durante o último Festival de Gramado. Depois, às 21h, exibe "Sonho Sem Fim" (1987), que mostra as aventuras de pioneiros do cinema brasileiro.
Em seguida, um debate sobre a pornochanchada e, às 23h30, uma sessão do gênero, chamada, no tom "alegre" proposto por Cunha, "Como Era Gostoso o Nosso Cinema".



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