São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

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TV NO MUNDO

'Felicity' lidera entre jovens ricos

ESTHER HAMBURGER
em Austin

Dentre os seriados que estrearam recentemente por aqui, "Felicity" é apontado como um dos poucos a alcançar algum sucesso. O programa semanal exibido pela rede Warner não chega perto dos índices de audiência de programas como "Dawson's Creek" ou "Buffy, a Caça-Vampiros".
Os números absolutos condenam "Felicity" ao ostracismo. O seriado está na 99ª posição na lista de programas mais assistidos. Mas lidera no cobiçado segmento de jovens adultos de alto poder aquisitivo. Essa situação garante o êxito da série.
Em um mundo obcecado pela juventude, tomado pela perversa missão de eliminar os efeitos do tempo sobre o corpo humano e acostumado a cultuar o novo, "jovens", definidos de acordo com certos critérios de mercado, obtêm o status de espectadores VIP.
As redes americanas se esforçam pela conquista de espectadores de 18 a 34 anos de idade, supostamente consumidores autônomos e ávidos por gastar. Essa busca da audiência jovem é comum a todas as redes e é apontada como responsável pela mesmice da programação e pelos baixos índices de audiência obtidos recentemente.
Ao que parece, as emissoras estão engajadas em uma verdadeira corrida por definir e exibir o que é "cool". Como se programas classificados como tal pela audiência consistissem sucesso certo entre esses cobiçados jovens espectadores -pouco numerosos, mas tratados com privilégios.
É espantoso que o seriado top entre o segmento top da audiência seja tão velho e sem graça. "Felicity" não é comédia, nem policial. O seriado exibido pela Warner é simplesmente sério e chato.
"Felicity" conta a história de uma garota com esse nome, caloura aplicada que deixou de ir para Stanford, uma das melhores universidades dos EUA, na Califórnia, para ir a Nova York atrás de um amor adolescente.
O cotidiano escolar da personagem-título, movido por angústias românticas adolescentes narradas na primeira pessoa com detalhes enervantes vão se repetindo no correr da série. Os episódios são diluídos em favor de uma sequência que lembra a das novelas e "soap operas".
Como "Friends", o seriado divertido que vêm conquistando cada vez mais audiência nessa sua quinta temporada, "Felicity" conta a história da vida universitária em Nova York, a capital mundial do espetáculo. Mas tudo que "Friends" tem de engraçado, "Felicity" tem de mau humorado.
A busca obcecada pelo segmento jovem do público resulta na repetida tentativa de retratar e ditar o que é ser "cool" -uma fixação pelo modismo fácil que desperta em mim uma nostalgia pelo culto à sabedoria dos mais velhos.


E-mail: ehamb@uol.com.br



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