São Paulo, Domingo, 14 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLUBE DA LUTA

Ted Boy Marino ressuscita "Telecatch"


Zulmair Rocha/Folha Imagem
O ex-lutador Ted Boy Marino, que participou de vários programas e filmes dos Trapalhões



Aos 60 anos, lutador prepara um novo programa de luta livre e diz que pretende pô-lo no ar antes do fim do ano

IVAN FINOTTI
Da Reportagem Local



"V OCÊ torcia pelo Ted Boy Marino no "Telecatch'?" Se você nasceu depois de 1970, provavelmente não entendeu nada dessa pergunta.
É por isso que ela faz parte da campanha publicitária de uma seguradora. A idéia, espalhada por 60 outdoors e 163 ônibus em São Paulo, é dar um desconto aos segurados com mais de 35 anos.
Pois se você tem menos de 35 anos, saiba que "Telecatch" foi um programa de luta livre de enorme sucesso na TV brasileira no final dos anos 60. Começou na Excelsior e foi exibido depois pela Globo.
E Ted Boy Marino, com suas tesouras voadoras (golpe de luta livre) e calção preto, era um destaque do programa. "Foi a melhor fase da minha carreira", diz o astro do ringue, hoje com 60 anos.
A partir de 75, Marino passou a ser visto principalmente como figurante do programa "Os Trapalhões", na Globo. Mas, antes disso, ele era mais famoso do que Renato Aragão. No cartaz do filme em que atuaram juntos, "Dois na Lona", de 1967, o nome do lutador vinha acima do nome do comediante. Marino participou ainda do programa "Os Adoráveis Trapalhões", no qual contracenava com Aragão, Wanderley Cardoso e Ivon Cury.
Quando a luta livre foi para a Globo, Marino estourou. Podia ser visto em nada menos que quatro programas da emissora: lutava no "Telecatch" aos sábados e domingos, recebia cantores e números circenses no "Oh! Que Delícia de Show" às terças, apresentava desenhos animados do Pica-Pau e Tom & Jerry de segunda a sexta e ainda estrelava uma novelinha chamada "Orion 4 x Ted Boy Marino".
"A novela era parecida com o programa da Tiazinha; eu lutava com uns monstros", conta Marino, que nasceu na Itália em 1939 e chegou à Argentina com 12 anos. "Viemos no porão de um navio. Nos 21 dias da viagem, minha mãe não saiu da cama. A gente vomitava muito com o balanço."
Em Buenos Aires, foi sapateiro, mas não deixava de ir à academia. Foi lá que conheceu colegas de luta livre, como o Tigre Paraguaio, e começou a lutar na TV. Ganhou também o apelido de Ted Boy, em substituição ao Mario da carteira de identidade. "Foi um empresário de lutas que escolheu o nome. A gente viu umas revistas, e nelas havia fotos de playboys. Aí ele inventou o Ted Boy", conta.
Marino chegou ao Brasil em 65, trazido por esse empresário de lutas para inaugurar o gênero no país.
Aqui, o apelido do lutador acabou ultrapassando os limites do ringue: "Até meus filhos me chamam de Ted. Um amigo meu ligou aqui para casa e pediu para falar com o Mario. Minha mulher disse que não havia ninguém com esse nome", se diverte.
A volta Aos 60 anos, Ted Boy pretende reviver sua fase de glória. "Estou trabalhando para a volta do programa "Telecatch" nesse final de ano", diz.
O lutador afirma que tem uma emissora bastante interessada no projeto, mas prefere fazer mistério até a assinatura do contrato. "Minha idéia é dirigir o programa. Mas, se precisar lutar, eu luto", promete.
Os planos de Ted Boy Marino não tem nada de absurdo. Várias tendências da TV internacional "emplacam" no Brasil, e os programas de luta livre são um grande sucesso nos EUA.
Na semana de 11 a 17 de outubro, por exemplo, quatro dos seis programas mais vistos na TV paga norte-americana eram transmissões de luta livre (wrestling) dos canais USA e TNT.
Os lutadores profissionais nos EUA ganham milhões de dólares por ano e recebem da mídia um espaço e um tratamento tão "vip" quanto o dispensado a estrelas do porte de Madonna ou Mel Gibson.



Texto Anterior: Emissora terá três telejornais durante a semana
Próximo Texto: Making of: Vira-latas ganham festa como a dos emergentes no "Zapping"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.