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PÁRA-QUEDISTAS
Canais abertos e pagos têm apresentadores sem afinidade com os assuntos abordados, às vezes escolhidos pelo sucesso obtido em outras áreas
TV não requer prática, tampouco habilidade
Socialites fazem entrevistas, modelos comandam
programas de
variedades e atores
cozinham no "pára-
quedismo" televisivo
Divulgação/MTV
![](../images/tv1507012001.jpg) |
Max Fivelinha, ex-maquiador, caracterizado para quadro da programação de verão da MTV |
RODRIGO DIONISIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O QUE é preciso para ganhar um
programa na televisão? Ficar grávida de um "pop-star", tocar guitarra em
uma banda de sucesso, ser ator da Globo
ou ganhar as manchetes dos jornais dando festa para cachorro parecem ser passaportes para o estrelato televisivo.
Mas muitas vezes esses "novos astros"
não têm preparação ou perfis adequados
para as atrações que comandam, "caindo de pára-quedas" na programação.
Claro, há exemplos interessantes e divertidos, como o bom programa sobre
língua portuguesa ("Afinando a Língua") comandado pelo titã Tony Belotto,
no canal Futura. Ou o impagável "Gordo
a Go-Go", de João Gordo, na MTV.
Agora, o que falar sobre o "Programa
Vera Loyola", na CNT? A "entrevistadora" fica em um sofá, cercada pelos "entrevistados", que conversam entre si. Limita-se a comentários do tipo: "É super
normal comer comida de cachorro", sobre um convidado que disse ter feito isso.
O "Superpop", da Rede TV!, virou piada pelos erros de português de Luciana
Gimenez. A apresentadora, modelo brasileira mãe de um filho do roqueiro Mick
Jagger, afirmava publicamente que só
conseguia pensar em inglês e chegou a
fazer aulas particulares de português para comandar a atração.
"Fico horrorizado com a baixa qualidade da TV." A frase é daquele que pode
ser qualificado como o "pára-quedista"
mais antigo ainda em atividade, Ronnie
Von, 56. Cantor, estreou na apresentação
de programas em 1966, com "O Pequeno
Mundo de Ronnie Von"; em 1999, levou
ao ar o "Mãe de Gravata", a 11ª atração
sob seu comando, e na qual está até hoje.
"Nunca fui respeitado como cantor. Os
programas eram para mostrar que tinha
algo a dizer, e hoje estou realizado, sou
reconhecido como apresentador", diz.
Mas, se não chegarem a horrorizar,
certas "mancadas" são até positivas. Pelo
menos Rodolfo Bottino, 42, acredita nisso. Afastado da teledramaturgia desde
1995, quando trabalhou na novela "Pátria Minha", da Globo, o ator apresenta
dois programas de culinária, o "UD
Gourmet", no canal Shoptime, e o "GemaBrasil", na Rede Brasil.
E o próprio Bottino se define como
"atrapalhado e meio enrolado" ao lidar
com comidas e panelas. O apresentador
já se queimou, se confundiu com ingredientes de receitas e, volta e meia, reclama no ar das calças (largas) que veste, e
teimam em ficar caindo.
"Mas isso é bom. O normal para o público não é ser como o Olivier [Anquier,
que apresenta o programa culinário
"Diário do Olivier" na GNT", mas como o
Rodolfo", afirma o mestre-cuca.
Quase famosos
O "pára-quedismo" televisivo não vive
só de famosos. Há quem apenas tenha ficado conhecido por ter um programa,
mesmo que a atração não tenha relação
direta com seu passado profissional.
É o caso do músico Márcio Werneck,
30, líder do grupo paulistano Caboclada.
Após dois anos como "o rosto" do canal
de programação da TVA, ele comanda
"O Brasil É Aqui", programa de turismo
do GNT. E diz que isso gera confusão.
"Um monte de gente acha estranho o
apresentador ter uma banda, e quem me
conhece como músico se espanta, diz
que eu não tenho capacidade para ser
apresentador", diverte-se
A opção pela TV tem explicação simples: "Músico tem de sobreviver. Às vezes, a gente começa um trabalho pelo dinheiro, mas depois acaba achando legal", afirma Werneck.
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