São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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RESERVA DE MERCADO

Projeto que prevê a exibição de pelo menos um longa por semana vai ao Senado

Filme nacional pode ganhar espaço na TV

MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

OS FILMES estrangeiros poderão começar a perder espaço na TV brasileira com a aprovação na Câmara dos Deputados, na última terça-feira, do projeto de lei que obriga todas as emissoras a exibirem pelo menos um filme nacional por semana.
O projeto, de autoria da deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), também trata da regionalização dos programas e prevê espaço para parceria e exibição de produções independentes.
Ainda não há data para a votação do projeto de lei no Senado -último passo antes da aprovação ou veto do presidente-, mas a classe artística está otimista.
Para a presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Assunção Hernandes, a iniciativa tem um papel importante também por abrir caminho para novas ações e leis que regulamentem a TV.
"As emissoras são tratadas como propriedades particulares, e não como concessões públicas", diz ela. "São um terreno baldio onde cada um joga o lixo que quiser", afirma.
Na opinião do ator Paulo Betti, a iniciativa deve revigorar a produção nacional. "A TV é a maior janela que existe para o cinema brasileiro, mas não está aberta", afirma. Para ele, filmes estrangeiros, na sua maioria de baixa qualidade, ocupam quase toda a programação.
De acordo com a cineasta Tizuka Yamazaki, no momento de orçar um filme no Brasil, os produtores nem computam ganhos com exibição em TV, porque as emissoras geralmente não compram. Outra cineasta, Sandra Werneck, afirma que há receio por parte dos canais em relação à audiência.
A aproximação entre o cinema nacional e as emissoras de TV é uma briga antiga dos profissionais da área. Há poucos meses, uma medida provisória tentou obrigar as emissoras de TV a destinarem 4% de seus lucros para a produção de filmes brasileiros, a exemplo de parcerias que já acontecem em outros países. Mas esse artigo foi retirado do texto antes de sua promulgação.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), que propôs alterações no projeto de lei de Jandira Feghali, não quis se pronunciar. A assessoria da Globo afirmou que a emissora é uma das que mais exibe filmes brasileiros, além de realizar diversas co-produções nacionais.


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