São Paulo, Domingo, 16 de Maio de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEJORNALISMO
Repórter estréia prometendo não repetir o caso da entrevista com o "maníaco do parque"
Globo reconstitui crimes famosos

ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

Depoimentos reais, jornalismo investigativo e dramaturgia guiados por senso de justiça, são os componentes que o repórter e agora apresentador Marcelo Rezende promete exibir em seu novo programa, "Linha Direta", na Rede Globo.
A estréia está inicialmente prevista para esta quinta, após a novela "Suave Veneno", no lugar de "Você Decide" ou "Zorra Total" (até o fechamento desta edição, a Globo ainda não havia confirmado oficialmente a data e o horário).
"Não vamos fazer nada parecido com o episódio da entrevista do "maníaco do parque" e nem ficaremos restritos ao noticiário policial. Contaremos histórias que podem envolver até escândalos políticos de desfecho obscuro", diz Rezende.
O diretor Roberto Talma, que editou para o "Fantástico", em novembro do ano passado, a entrevista do "maníaco" com Rezende, é o criador do "Linha Direta". A entrevista, entrecortada com reconstituições de alguns dos crimes do "maníaco", foi uma espécie de piloto do programa.
A entrevista rendeu uma audiência média de 40 pontos na medição do Ibope (cada ponto equivale a 80 mil telespectadores na Grande SP), mas a repercussão foi negativa.
A atração também foi questionada porque o nome "Linha Direta" foi usado, no início da década de 90, pela emissora em um programa com o então apresentador Hélio Costa narrando casos bizarros, com paranormais e extraterrestres. Rezende afirma que nada disso terá espaço no novo jornalístico.
""Linha Direta" será um programa para toda a família, sem sangue e violência gratuita. Vai contar dramas do cotidiano, histórias com o ponto de vista dos personagens envolvidos, mostrando como suas vidas foram afetadas por crimes ou alguma injustiça", explica.
"Linha Direta" estréia com mais cinco programas prontos, mas Rezende só revela os temas que serão abordados no episódio de estréia, a morte de Paulo César Farias e o assassinato da estudante carioca Ana Carolina da Costa Lino, no Rio de Janeiro.
Para recontar o que aconteceu com PC, a equipe do programa reconstituiu em cenário a casa onde o empresário foi assassinado. O programa mostra diversas possíveis versões do que teria acontecido na noite em que Suzana Marcolino e PC morreram.
"Estudamos cada caso a fundo e fazemos as reconstituições com a ajuda de peritos, com base em depoimentos e nos autos dos processos. Haverá uma advertência ao espectador de que estamos fazendo uma simulação, e vamos identificar o autor de cada versão", revela, dizendo-se preocupado com a ética.

Formato
Após receber o convite do diretor Roberto Talma para apresentar o programa, o repórter estudou o formato que considera ideal para a atração em que está trabalhando nos últimos seis meses. Sua inspiração saiu dos livros de Raymond Chandler e Dashiell Hammett e de diversos filmes noir e de Alfred Hitchcock.
Assim, a idéia é apresentar um caso mostrando a cobertura jornalística da época e depois apresentar sua evolução e reconstitui-lo com base nos depoimentos, podendo até mostrar quais as versões mais plausíveis.
A parte dramatúrgica -as reconstituições- fica a cargo do diretor Flávio Colatrello Jr., que acumula a direção de "Malhação".
Para garantir que as histórias interessantes não se esgotem e esvaziem o programa, "Linha Direta" terá um número de discagem gratuita, disponível 24 horas, para receber denúncias com a garantia de sigilo total.
Partindo dos telefonemas e do próprio noticiário, a equipe de reportagem do programa -que conta com 20 repórteres, incluindo o próprio Rezende- fará a triagem dos casos e depois irá para a rua apurá-los.


Texto Anterior: TV Filme inicia operações na PB
Próximo Texto: Record também lança programa do gênero
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.