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Rivais contra-atacam
Matuiti Mayezo/Folha Imagem
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Carlos Casagrande e Bárbara Paz, que formam o par romântico de "Marisol", a nova trama do SBT |
Enquanto duas novelas da Globo ainda patinam no ibope, SBT, Rede TV! e Record preparam as estréias de três tramas para tentar abalar a hegemonia da líder
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Os primeiros sintomas
apareceram no ano passado: fracasso da novela
global "As Filhas da
Mãe" e sucesso do "reality show" "Casa dos Artistas 1", do SBT, uma nova opção
de entretenimento. Em 2002, a novela das sete da Globo, "Desejos de
Mulher" começou mal, chegando
a 28 pontos de audiência, muito
abaixo da meta da emissora para o
horário. Subiu para 32 e já está
melhor do que a trama das seis,
"Coração de Estudante", que entrou no lugar da claudicante "A
Padroeira" e vem patinando nos
25 pontos. Nesse cenário, três
emissoras decidiram tentar, mais
uma vez, abalar a hegemonia da
Globo no gênero. O SBT coloca no
ar em abril a trama "Marisol", que
terá no elenco a atriz Bárbara Paz,
a vencedora de "Casa dos Artistas
1" e Alexandre Frota, ressuscitado
pelo mesmo "reality show", no papel de vilão. A Rede TV!, neófita
no ramo, atacará com "Betty, a
Feia", produção colombiana que a
própria Globo cogitou comprar
para, segundo a emissora, adaptar
no Brasil. Por fim, a Record, que
não dá detalhes sobre seu projeto,
também pretende colocar no ar
uma nova novela. Não se sabe se
alguma dessas atrações vai repetir
fenômenos como "Dona Beija"
(86) e "Pantanal" (90), da extinta
Manchete, ou como as infantis
"Carrossel" (91) e "Chiquititas"
(97 a 2001), do próprio SBT, que
roubaram fatias significativas do
público da Globo, mas é certo que
a emissora líder vai ter que enfrentar uma concorrência mais ferrenha no horário nobre nos próximos meses.
BRUNO SAITO
DA REDAÇÃO
Para a coordenadora adjunta do Núcleo de Telenovelas da USP, Maria de
Lourdes Motter, o momento ruim para
algumas novelas da Globo em termos de
audiência se deve a um desrespeito com
o público. "As novelas das seis e das sete
sofreram muitas mudanças em suas estruturas e isso quebrou os hábitos do telespectador. Novela é um ritual diário,
não pode ser mexido. A emissora está
deixando de lado o "padrão Globo de
qualidade"."
Segundo o diretor da Central Globo de
Comunicação, Luis Erlanger, "só quem
não conhece a emissora pode supor que
o "padrão Globo de qualidade" pode sofrer modificação". "Essa é uma cultura
implantada no espírito de cada um que
trabalha na emissora e diz respeito à forma, à possibilidade técnica, ao conteúdo
do texto, enfim, aos recursos para fazer o
melhor programa possível", afirma.
Já para o professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Aluizio R. Trinta o problema
é outro. "A fórmula da Globo está desgastada e precisa ser reinventada".
O interesse crescente pelos "reality
shows" seria um sintoma da crise da teledramaturgia. "Nesses programas, o telespectador encontra tudo aquilo que
não vê mais nas novelas, ou seja, conflitos, paixões e descobertas. Esta é a mais
nova tentativa de congregar a família em
torno da TV, uma vez que gera discussões e torcidas", diz Trinta.
No entanto, os dois estudiosos não
acreditam que o fim das telenovelas esteja decretado.
"Os "reality shows" são uma moda que
vai acabar. Eles apenas reproduzem a estrutura de uma novela, de forma mais
simplificada", diz Maria de Lourdes.
"A novela tradicional nunca vai desaparecer, está enraizada na cultura ocidental. Mas ela precisa sofrer alterações,
receber mais interferências do telespectador", acredita Trinta.
"É um momento ideal para que as outras emissoras aproveitem e invistam em
teledramaturgia", diz Maria de Lourdes.
Segundo Trinta, a inexistência de um
núcleo de teledramaturgia forte fora da
Globo se deve à falta de investimentos sérios. "A programação das outras emissoras é imediatista. Sem grandes atores e
sem grandes técnicos de produção, essas
emissoras deixam as novelas em segundo plano quando percebem que a audiência é baixa. Sai mais barato comprar
novelas mexicanas", diz Trinta.
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