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MAKING OF
TV Cultura usa casal de atores para expor violência doméstica
ERIKA SALLUM
da Reportagem Local
Você sabia que a violência doméstica é a principal causa de lesões em mulheres entre 15 e 44
anos em todo o mundo? E que
25% das brasileiras sofrem violência dentro de casa? Dados alarmantes como esses servem de base para o documentário "Um Lugar Chamado Lar", que a TV Cultura exibe no dia 23, às 20h30.
Dirigido por Lucila Meirelles, o
filme traz como fio condutor o
turbulento casamento de Bia e
João, interpretados por Leona Cavalli (protagonista de "Um Céu de
Estrelas", de Tata Amaral) e Eucir
de Souza. Após uma violenta briga, João agride fisicamente Bia,
que começa a questionar o porquê de tanta violência enquanto
caminha pelas ruas de São Paulo.
Complementando a simulação,
"Um Lugar Chamado Lar" mostra depoimentos de vítimas da
violência doméstica, advogados e
até de um detento do Carandiru,
preso por matar sua mulher.
"Quis evitar maniqueísmos e
abordar os diversos lados desse
problema. Para isso, pensei em
usar um casal de atores, mostrando como seria o dia seguinte a
uma briga", conta Lucila.
Foram três semanas de gravações, realizadas em locais conhecidos da cidade, como a avenida
Paulista e a rua São Caetano, a tradicional "rua das noivas". Para
editar todo o material -no total,
são 65 fitas de 30 minutos cada-,
foram necessárias outras três semanas.
"Gravamos da forma mais natural possível. Teve até uma moça
que achou que era verdade e quis
levar a Leona ao hospital quando
viu o hematoma no seu rosto."
As cenas de João e Bia são ilustradas por dados da Organização
das Nações Unidas, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do governo, que revelam, por
exemplo, que o risco de uma mulher ser agredida em casa é nove
vezes maior do que o de sofrer algum ataque na rua ou no trabalho. No programa, essas informações vão aparecendo em outdoors, faixas, manchetes de jornais etc.
A diretora optou por 28 minutos de duração -que serão exibidos na TV Cultura em dois blocos-, com cortes rápidos e secos
e "offs" que não duram mais que
20 segundos, para "dar a impressão de uma bofetada na cara de
quem está assistindo".
A intenção, segundo ela, é exibir
o documentário em bairros distantes do centro, comunidades do
interior e festivais internacionais.
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