São Paulo, Domingo, 17 de Outubro de 1999
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MAKING OF

TV Cultura usa casal de atores para expor violência doméstica

ERIKA SALLUM
da Reportagem Local

Você sabia que a violência doméstica é a principal causa de lesões em mulheres entre 15 e 44 anos em todo o mundo? E que 25% das brasileiras sofrem violência dentro de casa? Dados alarmantes como esses servem de base para o documentário "Um Lugar Chamado Lar", que a TV Cultura exibe no dia 23, às 20h30.
Dirigido por Lucila Meirelles, o filme traz como fio condutor o turbulento casamento de Bia e João, interpretados por Leona Cavalli (protagonista de "Um Céu de Estrelas", de Tata Amaral) e Eucir de Souza. Após uma violenta briga, João agride fisicamente Bia, que começa a questionar o porquê de tanta violência enquanto caminha pelas ruas de São Paulo.
Complementando a simulação, "Um Lugar Chamado Lar" mostra depoimentos de vítimas da violência doméstica, advogados e até de um detento do Carandiru, preso por matar sua mulher.
"Quis evitar maniqueísmos e abordar os diversos lados desse problema. Para isso, pensei em usar um casal de atores, mostrando como seria o dia seguinte a uma briga", conta Lucila.
Foram três semanas de gravações, realizadas em locais conhecidos da cidade, como a avenida Paulista e a rua São Caetano, a tradicional "rua das noivas". Para editar todo o material -no total, são 65 fitas de 30 minutos cada-, foram necessárias outras três semanas.
"Gravamos da forma mais natural possível. Teve até uma moça que achou que era verdade e quis levar a Leona ao hospital quando viu o hematoma no seu rosto."
As cenas de João e Bia são ilustradas por dados da Organização das Nações Unidas, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do governo, que revelam, por exemplo, que o risco de uma mulher ser agredida em casa é nove vezes maior do que o de sofrer algum ataque na rua ou no trabalho. No programa, essas informações vão aparecendo em outdoors, faixas, manchetes de jornais etc.
A diretora optou por 28 minutos de duração -que serão exibidos na TV Cultura em dois blocos-, com cortes rápidos e secos e "offs" que não duram mais que 20 segundos, para "dar a impressão de uma bofetada na cara de quem está assistindo".
A intenção, segundo ela, é exibir o documentário em bairros distantes do centro, comunidades do interior e festivais internacionais.


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