São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003 |
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Emissoras alugam horários a produtoras pequenas, e a programação ganha atrações curiosas e quase artesanais TV de baixo custo
JEFFERSON ALVES DE LIMA FREE-LANCE PARA A FOLHA
LONGE dos R$ 200 mil que a TV
Globo anuncia investir em cada capítulo da minissérie "A Casa das Sete
Mulheres", programas quase artesanais
ocupam horários menos concorridos
graças a pequenas produtoras que conseguem gastar muito pouco por semana
para veicular suas atrações.
"Só preciso de um câmera, um iluminador e um carro. Gasto R$ 4 mil semanalmente, incluindo a compra do espaço
na emissora", diz Fausto Bessa, 39, que
apresenta o "Pirata Urbano" (Canal 21,
sábado e domingo, 1h30).
"Saio de carro, procuro um lugar inusitado e gravo", diz ele, que segue a linha
de Amaury Jr., cobrindo festas, e tem
uma equipe de quatro pessoas que se revezam em diferentes funções. Sua prima,
Luciana Sanches, por exemplo, é diretora, produtora e secretária.
"Pirata" não é um iniciante: por três
meses exibiu sua atração na Rede TV!,
ano passado. "Saí de lá por conta dos altos custos de produção", diz Bessa.
"Com o dinheiro que produzia quatro
programas lá, produzo 16 aqui", afirma.
À frente do "Calouros em Delírios"
(CNT, sábado, 12h30, canal 26 do UHF),
Pedro De Lara, 77, não é tão despojado
quanto o colega. Ele trabalha num cenário montado num salão de festas na zona
norte de São Paulo, o "Rebecca Club"
-uma ex-borracharia, nos anos 80-,
cujo proprietário é o próprio idealizador,
produtor e diretor do programa, o ex-locutor da Tupi AM, Dario Costenaro, 52.
Antes de gravar, a produção varre as
batatinhas amolecidas no vinagrete
-vestígios da noite anterior- e prepara a lona com o logotipo do programa, de
6m x 3,5m. Entre os jurados, o fotógrafo
oficial do programa "Hebe Camargo",
no SBT, Marinho, premia os calouros
com o conselho de insistir na carreira.
Enquanto Costenaro afirma gastar R$
17 mil por semana com o aluguel de horário e equipamentos, orquestra e corpo
de baile, Pedro De Lara, com um buquê
de lírios artificiais nas mãos, diz, confiante à platéia de 50 pessoas: "Aqui o povão tem chance. Aprendi a fazer assim
com Chacrinha e Silvio Santos".
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