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CRÍTICA
Ex-mulher é para sempre
Anna Lee e Francisco Martins da Costa
A ATITUDE de Nicéa Pitta, que foi à TV revelar os
podres da administração de seu marido, o prefeito de São Paulo, revela que não há nada mais
apetitoso para conquistar a audiência do que esse "coquetel" que mistura grandes doses de poder, drama
familiar e dinheiro.
A mesma combinação já foi responsável por elevados índices de audiência no
Brasil e em outros países.
A princesa Diana, em sua primeira entrevista exclusiva na TV, em novembro
de 97 -quando fez revelações sobre a família real britânica e sobre seu casamento com o príncipe Charles-, fez a BBC
bater recorde de audiência no Reino
Unido. Cerca de 21,1 milhões de pessoas
assistiram ao programa "Panorama",
cujo público normal é de cerca de 5 milhões.
Outra que lavou a roupa suja de um casamento desfeito em rede nacional foi
Carola Scarpa, ex-mulher de Chiquinho
Scarpa. Em abril do ano passado, ela foi a
alguns dos programas mais sensacionalistas dizer que flagrou seu ex-marido na
cama com dois homens.
Carola foi um hit instantâneo. Sem nenhum anúncio, fez o extinto "Leão Livre", da Record, chegar ao primeiro lugar no Ibope com uma média de 16 pontos -índice elevadíssimo, considerando
que o programa foi ao ar após as 23h30.
No mês seguinte, ela voltou ao "Leão Livre" e mais uma vez pôs a Record na liderança. Chegou até a participar do "cult"
"MTV Erótica", dividindo a cama com a
então apresentadora Babi.
Há poucas semanas, Mônica Santoro,
ex-mulher de Romário, usou a TV para
pressionar o ex-marido a aumentar a
pensão alimentícia que paga aos filhos
do casal, Romarinho e Moniquinha.
As emissoras adoraram o "babado", e
as reportagens sobre as questões íntimas
do casal viraram o prato principal de
programas esportivos e de variedades.
Para alguns, a aparição de Nicéa no
"Globo Repórter" lembrou a entrevista
de Pedro Collor à revista "Veja", mas houve também
quem lembrasse do depoimento de Miriam Cordeiro, ex-mulher de Luiz Inácio Lula da Silva, no programa eleitoral de Fernando Collor às vésperas do segundo turno da
eleição de 1989.
Nicéa rendeu ao "Globo Repórter" 40 pontos de média
no Ibope e 44 pontos de pico -uma média alta, considerando-se que, normalmente, o "Globo Repórter" oscila
entre os 32 e os 38 pontos.
Cada ponto equivale a cerca de 80 mil telespectadores
na Grande São Paulo.
Mas não foi só a Rede Globo que faturou com o escândalo. Todas as emissoras estão tentando explorar o filão "Nicéa".
A ex-primeira-dama, quem diria, foi
parar no "Note & Anote", da Record.
Entre uma receita e outra, ela foi entrevistada pelo fofoqueiro Nelson Rubens, na terça-feira passada. A média
foi de 6 pontos de audiência (normalmente fica entre 4 e 5).
Insatisfeita, Nicéa ainda ligou para o
religioso "Fala Que Eu te Escuto", que
a Rede Record exibe na madrugada, e
para o feminino "A Casa É Sua", que a
Rede TV! apresenta à tarde, para participar ao vivo.
No "Silvia Poppovic", da Band, na
segunda-feira, Astrid Fontenelle, a nova apresentadora da atração, entrou
ao vivo (o programa é sempre gravado) com o tema "Botei a boca no trombone". Participaram do debate pessoas que resolveram desabafar e revelar em público seus problemas mais
íntimos. A média de audiência, no entanto, se manteve na casa dos 3 pontos.
Ainda na segunda-feira, Nicéa ocupou quase todo "SPTV - 1ª Edição", da
Globo. A média foi de 16 pontos. Em
dias "normais", o telejornal oscila entre 13 e 17 pontos.
O SBT resolveu atirar para o lado
oposto, mostrando um depoimento
de Celso Pitta, no "Domingo Legal". A
emissora de Silvio Santos registrou, às
19h55, 27 pontos contra 20 pontos do
"Domingão do Faustão", da Globo.
Na segunda-feira, foi a vez de Celso
Pitta falar ao "Cidade Alerta - 2ª Edição", da Record. Concorrendo diretamente com o "Jornal Nacional", da
Globo, o programa alcançou uma média de 10 pontos.
Como bem disse Lillian Witte Fibe ao abrir o "Jornal da
Globo" na noite da exibição da explosiva entrevista de Nicéa ao "Globo Repórter", "ex-mulher é para sempre". Pitta, Charles, Romário e Chiquinho Scarpa que o digam...
Excepcionalmente nesta edição o artigo de Fernando de Barros e Silva não
é publicado
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