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PERFIL / CLÁUDIO CAVALCANTI
Foram 33 anos na Globo, fazendo trabalhos marcantes como "Irmãos Coragem" (70/71) e "O Feijão e o Sonho" (76). Longe das novelas desde "Salsa e Merengue" (96), o ator Cláudio Cavalcanti acaba de se mudar para a Record, onde volta aos folhetins com "Laços de Família". Eterno galã, já fez par romântico até com Leila Diniz. Com 43 anos de carreira, também é pré-candidato a vereador no Rio.
"Quero defender os animais", afirma.
Ator sai da Globo depois de mais de 30 anos
ERIKA SALLUM
DA REPORTAGEM LOCAL
Como será seu papel na novela "Laços
de Família" (título provisório)?
O que posso dizer é que, nos primeiros
capítulos, meu personagem, um juiz
chamado dr. Djalma, é um homem muito bem de vida, realizado. Mas, logo no
início, ele leva uma paulada da vida que
faz com que tudo mude. Ele sai em busca
de seu filho, que vai viajar e se perde, e,
nessa procura, se mete em aventuras que
nunca imaginou para essa fase de sua vida. A partir daí, a Solange de Castro Neves, autora da novela, me pediu para dizer que meu personagem é um grande
mistério. Mas posso falar que Djalma é
um homem incorruptível, uma definição
que gosto muito. É um homem em busca
da verdade, procurando-a onde quer
que ela esteja.
Por que você resolveu sair da Globo
após tantos anos na emissora?
Entrei na Globo em 1967 e nunca tinha
saído de lá. Fui convidado para trabalhar
em muitos outros lugares, mas não eram
propostas que me interessavam. Acho
que existe na cabeça das pessoas uma
idéia de segurança, de estabilidade. No
meu caso, estava em uma emissora que
ajudei a construir, ao lado de Tarcísio
Meira, Regina Duarte, Glória Menezes.
Até que o diretor Atílio Riccó e a Record
surgiram com uma proposta irrecusável,
em termos de papel, de tudo. Valeu a pena. Não dava para ficar pensando em segurança. Estou começando uma fase nova e estimulante em minha vida. Além da
Record, sou pré-candidato a vereador
pelo PTB no Rio, porque o César Maia
me prometeu a primeira secretaria municipal de defesa dos animais. Tenho
duas paixões na minha vida: meu trabalho e os bichos.
Mas não houve receio de deixar a maior
emissora do país?
A Globo tem um monopólio e um
know-how extraordinários para fazer telenovelas. Mas ir para a Record é uma
oportunidade única de arregaçar as
mangas e formar um novo núcleo de teledramaturgia. E tenho essa ligação com
a Solange, que escreveu para mim um
dos melhores papéis que eu já fiz, que foi
o dr. Alberto, da novela "A Viagem".
Você fica na Record até quando?
Em princípio, meu contrato com a Record seria apenas para "Laços de Família". Mas, como a emissora está implantando um núcleo de dramaturgia, pode
ser que eu fique mais, inclusive eventualmente dirigindo uma das novelas.
Durante muito tempo você foi considerado um galã das telenovelas...
Sem dúvida meus papéis eram de galã.
Se eu parar para pensar, por exemplo, no
Jerônimo Coragem, de "Irmãos Coragem" (70/71)... O que acontece é que todo mundo que ganha papel de galã já entra na novela ressabiado, porque papel
de galã é sempre muito ruim. Ele é sempre o bobo, o ingênuo, o apaixonado.
Por isso que, na minha carreira, mesmo
fazendo galãs, procurei complicar o papel, dar-lhe cores. Meu galã nunca era
um cara sem medo ou mácula. Também
procurei sempre colocar humor em
meus personagens, coisa que geralmente
o galã tem pouco.
A Lolita Rodrigues disse recentemente
que não há bons papéis na TV para o ator
que envelhece. Você concorda?
Não concordo de maneira alguma. A
magia da profissão do ator é que sempre
haverá um papel de uma bruxa velha para ser feito. A TV não dá nada para ninguém. O esquema de televisão é frio e desumano, como tem de ser. Se alguém
procura na TV um ombro amigo, não vai
encontrar. Ela é uma máquina. A TV não
vai parar para pensar em um papel especial para a Lolita, mas sempre precisará
de uma Lolita Rodrigues, de um Claudio
Marzo, de um Antônio Fagundes. E sempre haverá papéis para nós. A vida tem
pessoas de 50 anos, de 60 anos, não termina aos 40. Sendo assim, a TV precisa
de atores -principalmente atores. Porque modelos e gente jovem sempre existirão, com seus 15 minutos de carreira,
interessados apenas em trabalhar em novelas e bailes de debutantes.
Como e quando você começou na TV?
Comecei minha carreira no teatro, em
1956, nas produções do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), no Rio. Tinha 16
anos. Trabalhei com a fina flor do teatro,
entre eles Fernanda Montenegro, Natália
Thimberg. No mesmo ano, no dia 30 de
dezembro de 56, estreei na TV Tupi, em
uma peça infantil, "João e Maria". Eu fazia o João, e a bruxa má era a Fernanda
Montenegro. Em 1967, fiz minha primeira novela na Globo: "Anastácia, a Mulher
sem Destino". Foi a primeira novela que
a Janete Clair escreveu para a Globo.
BLITZ
Nome completo: Cláudio Murillo Cavalcanti
Data e local de nascimento: 24 de dezembro de 1940; Rio de Janeiro
Estado civil: casado
Principais novelas: "Irmãos Coragem" (70/71), "O Feijão e o Sonho" (76),
"Dona Xepa" (77), "Maria, Maria" (78) e "Roque Santeiro" (85/86)
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