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CLUBE DO BOLINHA
Programas de culinária com apresentadores tentam fugir às fórmulas tradicionais, oferecendo na televisão algo mais do que receitas manjadas
Homens de avental propõem ceia "diferente"
Dado Junqueira/Folha Imagem
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Olivier Anquier, que apresenta o "Diário do Olivier", no canal GNT |
BRUNO GARCEZ
da reportagem local
Q UEM está sem idéias de receitas para a ceia de Natal pode "roubar" algumas nos muitos programas de culinária que são exibidos na TV-vários deles, vale frisar- apresentados por homens. Alguns buscam o formato tradicional, consagrado por veteranos como a
saudosa Ofélia, em que o apresentador
prepara quitutes em uma cozinha montada em um estúdio de TV. É o caso do
"Bom Apetite", apresentado por Luiz
Cintra, que vai ao ar na Bandeirantes, aos
sábados, às 12h45.
Já outros, como Olivier Anquier, do
"Diário do Olivier", exibido no canal
GNT, querem inovar. Anquier já levou
seu programa para diferentes pontos do
Brasil, exibindo pratos típicos capixabas,
em Vitória (ES), botequins tradicionais
do Rio -na companhia do cantor Ed
Motta- e até chegou a preparar pão em
uma aldeia indígena no Araguaia.
"Sou curioso por natureza e passo isso
para o espectador. Quero que meu programa abranja aventura, humor e comportamento", diz Anquier.
No próximo ano, Anquier pretende
continuar viajando com o seu "Diário".
O apresentador pretende, inclusive, no
futuro, fazer incursões pelo exterior.
"Gostaria de exibir a culinária de origem
africana da Bahia e mostrar suas semelhanças com a de Cuba", afirma.
Além disso, ele também dará continuidade a séries que o "Diário" já vem exibindo, como a da cozinha elaborada por
"mammas", de diferentes origens, como
a italiana, a judaica e a libanesa, por
exemplo. Outra prática que terá continuidade é a visita regular de chefs ao programa, como no especial rodado no Araguaia, que recebeu Alex Atala, chef e proprietário dos restaurantes paulistanos
Namesa e Dom.
O ator Rodolfo Bottino, apresentador
do "UD Gourmet", no canal Shoptime,
não costuma levar chefs ao seu programa, mas ele próprio já foi dono de um
restaurante, no Rio, onde preparava vários pratos. Bottino está há quatro anos à
frente do "UD Gourmet", mesmo período em que está sem gravar novelas. A última foi "Pátria Minha". "Elas consumiam todo o meu tempo. Não digo que
não volte a fazer, mas hoje me sinto melhor apresentando um programa de gastronomia. As pessoas na rua não me pedem mais autógrafos, mas sim receitas."
No início, a atração comandada por
Bottino era gravada, mas há dois anos
passou a ser transmitida ao vivo. "Não é
fácil. Vivi muitas enrascadas. Certa vez
preparei uma sopa de feijão e o fundo do
liquidificador caiu e eu sujei a cozinha toda. Noutra, escorri um macarrão, ele caiu
na pia, me queimei, mas tive de ficar
quietinho. Depois, peguei jogo de cintura. Preparei uma mousse numa forma
errada e ela não saiu inteira. Fui tirando-a com colheradas e disse que não se usa
mais forma para se preparar certos pratos e depois decorei tudo com presunto."
O ator e apresentador tem planos de
construir uma "pensão chique", como
define, em Ipanema (zona sul do Rio) e
irá montar, em janeiro, a peça "Risoto",
exibida no andar de cima de um restaurante na hora do almoço. No espetáculo,
um monólogo, Bottino além de atuar vai
preparar um risoto para a platéia. O "UD
Gourmet" exibirá na próxima semana
pratos natalinos. Haverá desde os habituais peru e tender até doces, como pudim de nozes e rocambole de Nutella (ver
receita ao lado).
Os demais programas de culinária não
enfrentam tantos riscos como o de Bottino, uma vez que são gravados e seguem
o formato clássico. Luiz Cintra, do "Bom
Apetite", afirma não se sentir à vontade
fazendo piadinhas e contando histórias.
"Acho legal, mas não é o meu estilo", comenta o apresentador.
'Boca de marmanjo, não'
É bem verdade que a despeito de seu
estilo seco, Cintra se permite vez por outra alguns toques de humor. Em programa exibido na semana retrasada, Cintra,
após provar o prato que havia feito, ofereceu um pouco para o cameraman, mas
fez uma ressalva: "Pega no garfo que eu
não vou ficar dando comida na boquinha de marmanjo".
Cintra diz buscar um meio termo entre
a descontração e a informação. "O ideal
é oferecer um pouco de cultura, história
da gastronomia e dados sobre os ingredientes de um prato. Já que me proponho a dar aula de gastronomia, não vou
fazer algo jocoso", afirma o apresentador, que há 18 anos dá consultoria para
restaurantes.
A seriedade de Cintra parece estar
dando resultados, tanto assim que o seu
site, www.luizcintra.com.br, chegou a
receber neste mês 1 milhão e 300 mil visitantes.
Quem também aposta na linha clássica
é Allan Vila Espejo, cujo título de seu
programa, "Mestre Cuca", não é em vão,
uma vez que é esse o traje que ele ostenta
quando vai ao ar.
Espejo, assim como Cintra, também
tem experiência no ramo de restaurantes. É um dos donos da rede paulistana
Don Pepe di Napoli há 15 anos. Ainda
assim, prefere não usar ingredientes que
fujam ao dia-a-dia ou que pesem no bolso do telespectador. "É fácil para um
amazonense encontrar tucupi, mas não
para um paulistano", diz.
A preocupação de Espejo em economizar poderá ser conferida nos próximos dias, quando ele apresentará diferentes receitas feitas com apenas um
chester natalino, entre elas maionese
(ver receita ao lado) e espaguete.
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