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TV NO MUNDO
Série teen dos EUA é 'Malhação' sutil
ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha
No dia 7 de outubro estréia a nova temporada do
seriado "Dawson's
Creek" na rede Warner,
nos EUA. No Brasil, o canal Sony exibirá os episódios a partir do dia 19 do
mês que vem. James Van
Der Beek e Kathie Holmes
representam Dawson e
Joey, o charmoso casal de
adolescentes cabeça do seriado, que juntamente
com "Buffy, a Caça-Vampiros" faz o sucesso da
Warner, a emissora que
sintoniza a angústia moderna teen nos EUA.
Lançado em uma temporada piloto em 1996,
"Dawson's Creek" já gerou protesto em segmentos puritanos do público
da América do Norte porque mostrou um envolvimento sexual e afetivo entre uma professora e um
aluno de segundo grau. A
polêmica rendeu visibilidade ao seriado de inspiração autobiográfica escrito
por Kevin Williamson, autor do roteiro do filme
"Pânico" que, na esteira
do sucesso televisivo, se
prepara para lançar seu
primeiro filme como diretor, com a participação de
Kathie Holmes.
O escândalo não se justifica. Ao contrário de algum excesso de sexualidade, o encanto de "Dawson's Creek", está justamente em sua habilidade
de representar a relação
amorosa com rara ambivalência e sutileza.
Dawson e Joey vivem um
intenso envolvimento cotidiano às margens de um
riacho, o "creek" que dá
acesso de barco a várias
habitações de uma cidade
fictícia do estado da Carolina do Norte. Dawson e
Joey são meio irmãos,
meio amigos, meio namorados. Os dois personagens compartilham um
fascínio pela coisa séria.
Cada um a seu modo procura ser analítico e profundo na medida contemporânea. Longe da tabacaria
na literatura de um Fernando Pessoa, o ideal de
Dawson é o cinema e o herói é Steven Spielberg.
"Dawson's Creek" sugere que é possível recuperar uma sensualidade sutil
distante do excesso de exibição que retira o mistério
das relações amorosas. Os
personagens se movem e
se encontram com delicadeza. Deslizam de barco
remando no rio. Ela entra
no quarto dele pela janela.
Seu exercício diário está
muito longe da exibição
forçada de "Malhação".
O charme dos personagens não está centrado na
exibição de seus músculos.
Van Der Beek é careta.
Dorme com Joey, mas hesita em transar com ela. O
figurino é discreto. O personagem central é até mesmo quase vesgo. Dawson
atrai porque é denso, sincero e encanado. Joey encanta porque é direta, independente e corajosa.
Seus amigos Pacey e Jen
acrescentam instabilidade.
O que nos Estados Unidos pode às vezes causar
escândalo, aqui aparece
como um seriado inofensivo. A graça de "Dawson's
Creek" está justamente na
delicadeza com que trata
da ambivalência das emoções românticas.
E-mail: ehamb@uol.com.br
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