São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2001

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BARRACO

Sônia Abrão e Leão lobo trocam farpas e disputam primazia na exibição de revistas no ar; Nelson Rubens diz ser o inventor

Mundo da fofoca entra em crise

FABIO DANESI ROSSI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O FEITIÇO virou contra os feiticeiros. Acostumados a "destilar veneno" contra a vida alheia, os fofoqueiros Leão Lobo e Sônia Abrão viraram alvo de suas próprias fofocas. Com programas, de segunda a sexta, quase no mesmo horário -Leão, das 14h às 18h, no "Mulheres", da Gazeta, e Sônia, das 15h às 18h30, no "A Casa É Sua", da Rede TV!-, os dois trocaram recentemente, ao vivo, acusações e ofensas.

Tudo começou quando Sônia disse que outros apresentadores estavam copiando o quadro em que ela costuma mostrar jornais e revistas e comentar as notícias. No intervalo de seu programa, Leão ouviu a acusação e se irritou. Entrou no ar e bradou: "Essa mulher é uma invejosa".
Sônia não retrucou na hora. Diz que não vai ficar trocando ofensas pessoais em seu programa. "Não posso fazer isso com o meu público." Mas não admite o suposto plágio: "Não adianta vir com desculpa, não adianta atacar pelo lado pessoal. O "Mulheres" copiou o nosso quadro. O "Note e Anote", também. O pessoal sempre lia notícias de jornal e revistas, inclusive da minha coluna, mas as colocavam no ar como se fossem deles. Nunca citavam a fonte. Eu, quando vim para a TV, não quis fazer isso com os meus colegas. Comecei minha carreira na imprensa escrita. Esse tipo de trabalho precisa ser valorizado. O pessoal de televisão não pode sair por aí chupando tudo, acho isso uma vergonha. Reclamei no ar para moralizar, para estimular o gosto pela leitura e para mostrar o que é bonito, porque as fotos das revistas são muito bonitas, muito caprichadas".
Leão não aceita a acusação e ataca: "Desde o início da minha carreira, a Sônia fica competindo e se comparando comigo. Eu faço o meu trabalho, não sei e nem quero saber como ela faz o dela. Imagina se ler revista no ar é cópia do seu programa! O Chacrinha lia revista no ar, o Silvio Santos, também. Meu problema com a Sônia vem de longe. Uma vez ela inventou que eu tinha falado mal do Otávio Mesquita. Ele estava em Nova York, gravando um programa na parada gay, e disse no ar que eu era um canalha. Quando soube que era mentira, ele veio até o meu programa, entrou no ar e pediu perdão. Outra vez ela tentou fazer com que eu fosse demitido da rádio onde eu trabalhava, dizendo que tinha outra pessoa para colocar em meu lugar. Outro dia, ela me passou um fax supermalcriado, afirmando que eu tinha falado mal da família dela. Eu só tinha dito que o irmão dela era bonito e que muitas mulheres lindas da TV estavam apaixonadas por ele. Até a mãe e o irmão dela me defenderam. Pô, é uma coisa atrás da outra. Enche o saco. Uma hora eu precisava desabafar. O que a Sônia está precisando é de um discípulo de Freud pra cuidar da sua cabeça".
Sônia, pouco acostumada a estar do outro lado da linha de tiro, lamenta o desabafo do seu rival: "É muita baixaria, ele leva tudo pro lado pessoal. A questão é profissional. Todo mundo copia tudo na televisão, isso não é certo. O "Fantástico" fez o quadro "Alçapão", que é cópia do nosso "Joga Fora no Lixo". É o plágio mais descarado da televisão. Todo mundo copiou as pegadinhas do Silvio Santos. Todo mundo copiou as videocassetadas do Faustão. Se algo dá certo, sai todo mundo atrás. Copiam na cara dura. Isso é errado, eles têm que descolar outra coisa tão boa quanto, mas não igual".
Claudete Troiano, apresentadora do "Note e Anote" (TV Record), prefere não entrar na briga: "Não sou fofoqueira, sou jornalista. Não olho para os meus vizinhos. E mostro revistas na TV há 20 anos, desde o primeiro "Mulheres'".
Já Nelson Rubens, que até pouco tempo contava suas fofocas no "Note e Anote" e há uma semana é colega de casa de Sônia, apresentado o "TV Fama", às 18h30, garante que foi o primeiro a mostrar revistas no ar: "Há muitos anos, num programa chamado "TV Gente", que passava na TVE do Rio, eu já mostrava revistas. O cenário era um mural só com capas de revistas. Bota aí: Nelson Rubens é o pai da criança".
Ele afirma que hoje, diferentemente de Sônia e Leão, só conta fofocas exclusivas: "Uma vez um fofoqueiro me disse que mostrava revistas porque o seu público não tinha dinheiro para comprá-las. Não tem dinheiro pra comprar revista de um real? O meu público é diferente, sai de férias pra Miami, Angra, Guarujá. Mesmo assim, me assistem, porque têm parabólica". E desdenha a briga: "Eu destilo o meu veneno em horário nobre. Levei a fofoca para a sala de jantar. Eles estão brigando na cozinha. Mas acho bom que outros também façam fofocas. Eu sou o número um, mas que adianta ser o número um se não existem o número dois, o três, o quatro? Um de um, pô?"
Enquanto corre a disputa, Leão e Sônia descobrem finalmente como é estar do outro lado: de fofoqueiros passam a fofocados. Agora estão sentindo um pouco do gosto do veneno que tanto gostam de destilar. Mas é bom lembrar: é com o veneno que se faz o antídoto.


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