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"O CLONE"
Solange Couto fala da cena inesquecível
Sargentelli queria morrer num bar
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
IMAGINE a situação: você encontra um velho amigo depois de muitos anos. No reencontro, emocionado,
ele se sente mal, aperta sua mão, tem
um infarto e morre horas depois.
Solange Couto, 45, a dona Jura de "O
Clone", passou por isso no último dia
13, com Oswaldo Sargentelli, que morreu aos 78 anos. Tudo aconteceu durante a gravação de uma cena que iria
ao ar ontem, escrita pela autora, Glória
Perez, a pedido da própria atriz.
"Sabe como me sinto? Feliz por ter
realizado seu último desejo. Ele sempre me dizia que queria morrer no palco, trabalhando, ou num botequim tocando samba numa caixa de fósforo,
cercado de mulatas e de amigos", disse
Solange ao TV Folha. "Ele estava trabalhando na mesa de um bar. Era cenográfico, mas era um bar [o da dona
Jura". E lá estavam seus amigos, como
o Roberto Bonfim [o Edvaldo, na novela", eu e outras mulatas."
Os dois se conheceram em 1972,
quando, aos 16 anos, Solange, que
sempre sonhou ser atriz, foi apresentada
a Sargentelli. Ele já era famoso por seus
programas na TV e estava emplacando
como produtor de shows com mulatas.
De modelo, ela passou a dançarina e foi
talvez a predileta do patrão. Trabalhou
com ele por três anos, mas teve de parar
quando se casou com o cantor Sidney
Magal. "Ciúme...", diz.
Mas o casamento acabou e, em 1980,
ela voltou aos shows de Sargentelli, até
ser convidada, poucos meses depois, para um teste na TV, pelo diretor Walter
Avancini (morto em 2001). Começou
em "Os Imigrantes", na Band, e passou a
atuar em várias minisséries e novelas.
Mas a dona Jura de "O Clone", acredita
Solange, é seu papel mais famoso e ficará
marcado pelo bordão: "Não é brinquedo
não!". "Quando peguei a sinopse, fiquei
tentando criar algo que marcasse. Estava
no carro, rezando por uma boa idéia, até
que tomei uma fechada no trânsito e gritei essa frase, que nunca tinha escutado."
Com o sucesso da personagem, ela virou reportagem do "Vídeo Show". A pedido da produção, Solange mandou seu
secretário procurar Sargentelli e pedir
umas fotos antigas para o programa.
Com as fotografias, veio um bilhete que
dizia: "Querida Solange, que tal o seu velho sargento indo visitar o bar da dona
Jura? Que presentão você me daria,
heim?! Seu paizão, Oswaldo Sargentelli".
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