São Paulo, domingo, 21 de maio de 2000


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VÍDEO - DESTAQUE
Um dos maiores e mais inesperados sucessos do ano passado nos cinemas, "O Sexto Sentido" chega às locadoras com Bruce Willis no papel de um psicólogo face aos demônios de um atormentado garoto
A última impressão é a que fica

ANDRÉ BARCINSKI
EDITOR DO FOLHATEEN

Todo mundo já sabe: "O Sexto Sentido" tem um final surpreendente. É um daqueles finais tipo Laura Palmer e Odete Roitman, que deixam a galera na expectativa e justificam até mesmo as falhas do resto da obra.
O filme, lançamento desta semana em VHS e DVD, fez tanto sucesso nos cinemas brasileiros e tem um final tão bacana, que muita gente esqueceu que ele nem é tão assustador assim. Aqui, a última impressão é foi a que ficou. "O Sexto Sentido" foi dirigido pelo novato M. Night Shyamalan e ressuscitou a carreira de Bruce Willis, que estava indo pelo ralo, de tanto filme ruim que o coitado havia feito nos últimos anos. De quebra, revelou o garoto Haley Joel Osment, indicado ao Oscar (Haley perdeu para Michael Caine, barbada por sua atuação no dramalhaço "Regras da Vida"). No filme, Willis interpreta um psicólogo especializado em lidar com crianças. Ele é assombrado por um grande fracasso: anos antes, errou um diagnóstico de um paciente problemático, que acabou surtando e cometendo suicídio. Willis é chamado para tratar do menino, que é atormentado por visões de pessoas mortas. O garoto não só vê os cadáveres, como interage com eles, batendo altos papos com as criaturas do além. O psiquiatra fica fascinado com o caso, e começa a se envolver cada vez mais com o paciente. A história é boa, o final é ótimo, mas, como sanduíche de rodoviária, o recheio não é lá muito bom. "O Sexto Sentido" perde pique no meio e só se recupera com o tão aguardado final. Há uma série de sustos isolados, mas as cenas se enquadram mais no que a crítica Pauline Kael, da revista "The New Yorker", chamava de "Cinema Bu", vertente mais incompetente do cinema B em que o terror consistia em criaturas gosmentas que pulavam nos heróis, de trás de portas ou armários entreabertos. Como exemplo de terror psicológico, "O Sexto Sentido" fica muito aquém de filmes como "Picnic na Montanha Misteriosa" (1975), de Peter Weir, ou "Inverno de Sangue em Veneza" (1973), de Nicholas Roeg, só para citar dois filmaços que também lidaram com crianças " estranhas". Mas, na atual conjuntura, com a crise criativa por que passa o cinema fantástico, até vai.


O SEXTO SENTIDO
Buena Vista
   
(The Sixth Sense, EUA, 1999). Direção: M. Night Shyamalan. Com Bruce Willis, Haley Joel Osment, Toni Collette. 106 min. Suspense.




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