São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998

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A volta da Band

Guilherme Maranhão/Folha Imagem
Os atores Petrônio Gontijo e Adriana Londoño, que interpretam Gaius e Lígia, os protagonistas da novela "Serras Azuis"



Dezesseis anos depois de "O Ninho da Serpente", a Rede Bandeirantes volta a produzir novelas; "Serras Azuis", inspirada em chacina que quase extinguiu duas famílias e que retrata o universo mineiro, estréia amanhã, às 18h45, após ter consumido um investimento de US$ 13 milhões


ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

Após 16 anos sem produzir novelas, a Bandeirantes estréia amanhã, às 18h45, "Serras Azuis". A trama de Ana Maria Moretzsohn marca a reimplantação do núcleo de teledramaturgia da emissora.
Para tanto, a Bandeirantes construiu uma cidade cenográfica, comprou equipamentos e montou novos estúdios. O custo: cerca de US$ 13 milhões.
"Serras Azuis", que terá 150 capítulos, é baseada na obra de Geraldo França de Lima. Conta a história de uma cidade do interior de Minas Gerais, onde duas famílias quase se aniquilam numa chacina.
Um casal, cada um sobrevivente de uma família, se reencontra 20 anos depois e se apaixona. Enfrentam a resistência de todos na cidade, mas se casam.
A última novela produzida pela Bandeirantes foi "O Ninho da Serpente", em 1982. Desde então, a emissora focou sua programação no público masculino, concentrando-se em esporte e jornalismo.
Segundo Rubens Furtado, diretor-geral da emissora, com a chegada ao mercado das TVs por assinatura foi necessária uma revisão da estratégia.
Em 1995, a emissora resolveu apostar no público feminino e voltou a exibir novelas feitas por produtoras independentes, como "A Idade da Loba", da TV Plus.
Em 96, Ana Maria Moretzsohn foi contratada pela Bandeirantes. Sua primeira novela, "Perdidos de Amor", foi a última produção independente comprada pela emissora.
Há um ano, foi a vez de outra autora de novelas, Regina Braga, ir para a Bandeirantes.
Segundo Furtado, a Band estava à procura de autores para estruturar um núcleo de novelas. "É impossível fazer novela com produção independente", diz.
Furtado diz que, para cortar custos, a produtora gravava muitos capítulos por vez, impossibilitando ajustes comuns quando a novela ia para o ar.
Em dezembro do ano passado, o diretor Nilton Travesso, então no SBT, foi contratado pela emissora com a missão de implantar o núcleo de dramaturgia. "Perguntei a Ana Maria Moretzsohn qual o seu projeto de estimação. "Serras Azuis', ela respondeu."
Furtado, nascido em Minas, também achou a idéia fascinante. A novela situaria a história numa pequena cidade mineira.

Do zero
O núcleo de dramaturgia começou do zero. Contratou cerca de 90 pessoas, entre técnicos e elenco. Em seguida, comprou equipamentos e escolheu o local dos estúdios e da cidade.
A Bandeirantes quer produzir dramaturgia também para o mercado internacional. Para isso, adquiriu toda uma parafernália digital, de ponta, desde as câmeras e ilhas de edição até o equipamento de captação de som.
O terreno da cidade cenográfica foi cedido pela Prefeitura de São Paulo e localiza-se no parque do Cemucam, no km 25 da rodovia Raposo Tavares, no município de Cotia.
Os estúdios também foram estabelecidos no parque, em um galpão abandonado que foi totalmente reformado, ao lado da cidade cenográfica.
A estréia, inicialmente, foi marcada para 18 de maio. Mas as chuvas atrapalharam a construção da cidade e a produção atrasou mais de um mês.
Furtado diz que espera uma audiência de 6 pontos, o que equivale a cerca de 480 mil telespectadores na Grande São Paulo.
Para os atores envolvidos no projeto, como Joana Fomm, o mais importante de tudo é a criação de uma nova frente de produção com qualidade.
Prevenida pelo fracasso da empreitada no SBT, que desmontou neste ano seu núcleo de dramaturgia, Joana é cautelosa. "Vamos ver como as coisas acontecem na Band."
Para o ator e diretor da novela Tarcísio Filho, é importante provar que dá para se produzir novelas com qualidade fora da Globo.
A partir de 1º de julho, com "Serras Azuis" já no ar, Nilton Travesso começará a estudar a produção que irá substituí-la.
Provavelmente, segundo Travesso, será um texto de Regina Braga, com direção Del Rangel. Ainda neste ano, junto com a Sony, a Band deve começar a produzir comédias de costumes (sitcoms).




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