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Globo "esnoba" projetos de Chico Anysio
CRISTINA RIGITANO
do "Notícias Populares"
Após fazer 208 personagens na TV brasileira, Chico Anysio revela que não
quer mais voltar a atuar na
TV brasileira, fala de seus
projetos nos Estados Unidos e se diz discriminado
pela atual direção da Rede
Globo. Leia a seguir alguns
trechos da entrevista do
humorista:
Folha - Você já pode fazer
TV?
Chico Anysio - Claro, só
que não fui chamado. Estou me recuperando de um
acidente que ocorreu numa cirurgia para consertar
meu maxilar, que fraturou.
Acho que estou 90%, 100%
não vai ficar nunca. O nervo facial foi cortado.
Folha - Ficou magoado
por não ter sido chamado?
Anysio - Não. Simplesmente acho que a nova direção da Globo não gosta
de mim, do meu trabalho.
Em dezembro, quando já
podia trabalhar, vim de
Nova York para me apresentar. "Ah, está bom.
Qualquer coisa te chamo."
E não chamaram. É sinal
de que não gostam do meu
trabalho. Tenho contrato
até 2001. Adoro a Globo.
São 29 anos de casa. A Globo vai me dar esse presente. Vai pagar meu salário
até o fim do contrato sem
me usar.
Folha - E o projeto com
Daniel Filho?
Anysio - Eu não atuaria.
Criei três programas. Um
deles é o "Grupo Escolacho", que já era para ter sido feito e não lembra a "Escolinha do Professor Raimundo", apesar do nome.
Tem o "Porque Hoje é Sábado", que é bem nos moldes antigos, como o Daniel
pediu: quadro, quadro,
personagem, personagem,
como o "Chico Total", mas
sem que eu atue. O terceiro
é o "Hospital e Coisa" com
meia hora. No mensal, não
vou fazer personagem.
Acabei, não quero mais fazer personagem. Fiz 208,
está bom.
Folha - Por quê?
Anysio - Se fizer personagens antigos, vão dizer
"De novo?" e se fizer novos, vão dizer: "os antigos
é que eram bons." De qualquer forma vão reclamar. E
programa mensal não é
para personagem fixo porque aí o bordão não "pega". Meu contrato é para
mensal.
Folha - E os semanais, seriam com quem?
Anysio - Diogo Vilela,
Cláudia Gimenez, Luiz
Fernando Guimarães, Pedro Cardoso, Francisco
Milani, Rogério Cardoso,
Cláudia Rodrigues, comediantes maravilhosos que
estão fora do ar. Não depende de mim. A escalação
é feita pelo diretor. Dou
palpites.
Folha - Por que você não
volta ao Brasil?
Anysio - Tenho negócios, roteiros. Dois programas para mostrar à rede
norte-americana de TV
ABC, o "Ho Ho Hospital" e
o "Ha Ha High School", e
seis de humor para a TV
Azteca, do México. O cara
da ABC viu meu currículo,
gostou e pediu para escrever. Dia 25 teremos um encontro. Além disso, fui expulso do Brasil pela imprensa, que resolveu pegar
no meu pé e passou cinco
anos só falando mal de
mim, me tratando de maneira desrespeitosa. Fui
chamado de idiota, imbecil. Foi me chateando.
Acho que eu mereço ser
mais respeitado.
Folha - Quando surgiram
as críticas?
Anysio - Começaram
no tempo do "TV Pirata" e
depois com o "Casseta &
Planeta". Criaram uma
briga. Compararam o tipo
de humor. Para mim, só
existem dois tipos: com
graça e sem graça.
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